Abre alas porque a Rota Imperial São Pedro DAlcântara quer passar pelo Sambão do Povo. A Imperatriz do Forte quer mostrar no Carnaval de Vitória 2020 o caminho aberto e utilizado no Brasil Colônia pela Coroa Brasileira, para ligar as cidades de Ouro Preto, em Minas Gerais, até Vitória no Espírito Santo.
Tropeiros, imigrantes e Família Real Portuguesa: tudo vai fazer parte da história que a escola quer contar no Sambão do Povo. A nova Rota, que completou 200 anos em 2016, permitiu que imigrantes vindos tanto de Minas Gerais, quanto de Vitória ocupassem o Sul do estado em busca de terras férteis para sobreviverem.
Junto com a Rota Imperial, a Imperatriz do Forte conta também a história de municípios capixabas cortados pelo caminho aberto no século XIX, como Venda Nova do Imigrante, Castelo, Conceição do Castelo, Iúna e Santa Maria de Jetibá.
É um enredo que pretende contagiar a galera, levantar o Sambão. A gente vem contando uma história bem bonita que aconteceu no nosso Estado que tem toda uma relação com a Família Real portuguesa, com a criação da rota e a chegada dos imigrantes no Espírito Santo, explica Elídio Neto, diretor de Carnaval da Imperatriz do Forte.
O início da Rota Imperial foi em 1816. Nessa época, o Espírito Santo era apenas a defesa natural de Minas Gerais. Sem a riqueza do ouro, D. João VI ordenou, em 1814, a construção de outra estrada, que começou em 1815 e terminou em 1816, como uma forma de abrir novas frentes de desenvolvimento e não ficar refém apenas do porto do Rio.
Engana-se, no entanto, quem pensa que o desfile da escola do Forte São João vai se prender ao período da Rota Imperial. A escola, que este ano traz não um carnavalesco, mas uma comissão de Carnaval para desenvolver o enredo, vai utilizar elementos do passado também para fazer críticas ao que acontece no Brasil atualmente. Quais críticas? Isso ainda é um segredo da Imperatriz.
A gente começa falando do passado e ao mesmo tempo esse passado se funde com o presente. O enredo esse ano traz alguns questionamentos e vai levar o público também a pensar. Além da diversão, a escola traz uma grande informação sobre tudo isso que temos vivido no país e ressaltar as belezas do nosso Estado, detalha Elídio.
Essas críticas já começam aparecendo na Comissão de Frente, como garante o coreógrafo Luciano Coelho: Nós pretendemos trazer alguns elementos que vão abordar a década do descobrimento e décadas presentes. Pretendemos também usar nossa dança e nosso samba para fazer críticas a várias coisas que acontecem no Brasil, críticas aos verdadeiros donos do Brasil.
Criada na década de 1970, a Imperatriz nasceu nos bares e botecos do bairro sob forte influência do Carnaval do Rio de Janeiro. Muitos de seus primeiros membros nasceram ou viveram algum período no Estado vizinho ao Espírito Santo.
A influência é tanta que os fundadores escolheram, por sorteio, uma agremiação do Rio de Janeiro para homenagear. A escolhida foi a Imperatriz Leopoldinense. Já as cores da escola, verde e rosa, lembram a tradicional Estação Primeira de Mangueira. Foi uma forma de tentar agradar todo mundo, brinca Elídio.
Em 2020, a escola do Forte São João tenta superar o desempenho ruim do Carnaval do ano passado, quando terminou em 6° lugar, ficando apenas à frente da Pega no Samba, que caiu para o grupo de acesso. Em 2019, a Imperatriz trouxe o enredo Navegando nas correntezas da história, a Imperatriz vem vestida de azul", em que fez uma crítica ao uso desenfreado da água.
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