A greve convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Espírito Santo (Sindirodoviários-ES) impediu que funcionários chegassem a seus postos de trabalho e reduziu o movimento nas ruas da Grande Vitória. O resultado é uma perda para a indústria, comércio, serviços e agronegócio, estimada pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) em R$ 422 milhões por dia útil de paralisação. Federações e sindicatos consideram exigir compensação das perdas ao Sindirodoviários na Justiça.
A paralisação é um protesto contra os novos ônibus do Transcol, que começam a circular sem cobrador. Segundo o presidente do Sindirodoviários, José Carlos Sales Cardoso, cerca de 95% da categoria aderiu ao movimento.
O presidente da Findes, Leo de Castro, afirma que a Federação está estudando uma forma de recuperar as perdas através da Justiça: O departamento jurídico da Findes está fazendo uma avaliação dessa possibilidade. Nós pedimos às indústrias ligadas à entidade para registrar os prejuízos e vamos avaliar sim entrar com uma ação pedindo o ressarcimento dessas perdas. Vamos tomar as medidas que forem possíveis para minimizar esse dano ao setor produtivo, esclarece.
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Sem ônibus para levar também os consumidores para os comércios da Grande Vitória, há estimativa de milhões de reais em prejuízos para o setor. Segundo o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri, não foi possível fazer um levantamento exato das perdas ocorridas nesta segunda-feira (12), mas a estimativa é de que os prejuízos cheguem a R$ 10 milhões.
A Fecomércio não definiu posicionamento quanto a possibilidade de entrar com uma ação judicial contra o Sindirodoviários-ES até o momento. No entanto, o Sindicato dos Lojistas do Comércio de Vila Velha (Sindilojas) já estuda maneiras de acionar a Justiça contra o Sindicato dos Rodoviários por causa dos prejuízos causados pela não-circulação dos ônibus do Transcol.
Em Vila Velha, Ana Cláudia Groberio, vice-presidente do Sindilojas, estima prejuízo de mais de R$ 3 milhões para o comércio da cidade. "Não podemos continuar amargando esse prejuízo. Estamos fortemente intencionados e já pedimos auxílio jurídico para entrar com o processo contra essa paralisação do Sindirodoviários", afirmou Groberio. As perdas são grandes, principalmente, para as mais de 800 lojas do Polo de Modas da Glória.
Todas as vezes que o sindicato dos rodoviários faz greve, quem paga são os lojistas. Temos que pagar aluguel, água, luz e telefone, sem conseguir ter um dia de comércio razoável. Eles poderiam rodar com os ônibus sem cobrar passagem, por exemplo. Poderiam fazer manifestação sem prejudicar a população e o comércio, que já está passando por crise econômica, conclui a vice-presidente.
FUNCIONÁRIOS E CLIENTES AUSENTES
Com os ônibus fora de circulação, pelo menos 500 mil trabalhadores ficam impedidos de chegar aos locais de expediente, segundo a Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb-ES).
Na loja do comerciante Antonio Carlos Uneda, 67, que fica na Rua Sete de Setembro, no Centro de Vitória, apenas três dos 15 funcionários conseguiram chegar para trabalhar. O prejuízo é quase total. Uma queda de 80% no movimento. A gente abre por abrir, porque não vale a pena", relata.
Giliardi Vaz, 38, é um vendedor que saiu prejudicado porque se atrasou para chegar à loja em que trabalha no Centro de Vitória, mas também porque o fluxo de pessoas no Centro não estava o mesmo: O movimento cai bastante porque as pessoas evitam sair de casa. Todo mundo tem um prejuízo, de tempo e dinheiro, afirma.
A vendedora Júlia Gabler, 22, que trabalha em uma ótica no Centro de Vitória, conseguiu chegar à loja, mas com quase duas horas de atraso. Ela teve que pagar R$9,65 por um ônibus de viagem, já que nenhum outro estava circulando. Claro que não apoio a greve, porque eu ganho por comissão, então saio prejudicada, explicou, referindo-se à queda de movimento no comércio.
O presidente da Findes, Leo de Castro, explica que as perdas são mais sentidas entre as micro e pequenas empresas, que são a maioria no mercado e que dependem mais do transporte coletivo. É um formato de greve muito radical e que faz com que todas as empresas capixabas sofram com isso em uma hora em que o país está precisando retomar o crescimento econômico, então é um momento inadequado, defende.
Entre as indústrias, as que operam em fluxo contínuo têm prejuízos irrecuperáveis. O presidente da Findes explica que quando falta um, dois ou três trabalhadores na linha de produção, ela precisa ser interrompida. Nas indústrias de fluxo contínuo, um dia de produção perdido é prejuízo sem condição de ser recuperado. Naquelas que operam em turnos, isso pode ser compensado em algum formato de trabalho nos finais de semana ou em horários estendidos, na busca de uma compensação. Mas no esquema de fluxo contínuo, essas realmente é um prejuízo que a empresa vai ter que administrar.
Com informações de José Carlos Schaeffer
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