O Ministério da Saúde anunciou o envio de testes rápidos para detectar o novo coronavírus em todos os estados do Brasil. Com uma espera média de 15 minutos para obter o resultado, esse teste vai ser usado para diagnosticar a doença em profissionais de saúde e segurança e, assim, permitir que eles retornem ao trabalho.
Este exame, contudo, é bem diferente do PCR, que já vem sendo usado na maioria dos países, e também pelos Laboratórios Centrais de Saúde Pública no Brasil para diagnosticar a Covid-19 em pacientes em estado grave.
Além do método de coleta, há diferenças também no tipo de análise realizada nas amostras e o público em que cada teste é aplicado. Para entender como eles funcionam, A Gazeta ouviu dois especialistas. Confira:
O PCR é o teste padrão-ouro, que vem sendo utilizado no mundo todo para diagnosticar a Covid-19. Por ter uma quantidade limitada, este exame é utilizado no Brasil apenas em casos mais graves, conforme recomendação do Ministério da Saúde.
A coleta do PCR é bem simples e utiliza amostras de dentro do nariz ou da boca do paciente para análise, como explica o médico Filipe Maia, diretor administrativo do Multiscan Inteligência Diagnóstica.
No laboratório, uma máquina de PCR amplifica o material genético, para que ele se torne visível. Logo em seguida, é feita uma comparação do material genético da amostra extraída do paciente com o do vírus.
Se há presença do gene do vírus na amostra, o resultado é positivo para a Covid-19. Sem material genético, o exame é negativo. Se a carga genética é insuficiente, ele pode dar inconclusivo e aí o paciente precisa repetir o exame", explicou Filipe Maia.
Apesar da eficácia do PCR, principalmente para detectar o vírus no início da contaminação, o resultado do teste demora em média um dia para ficar pronto. Isso acaba prejudicando o diagnóstico rápido da doença.
Já no caso dos testes rápidos, que vão ser utilizados no Brasil pelos Estados para testar profissionais de saúde e de segurança, a coleta para amostra é feita no sangue do paciente. É muito parecido com a medição de glicose, que você dá uma picadinha na ponta do dedo do paciente e colhe uma gota de sangue, compara Maia.
Após a coleta, o sangue é colocado em uma espécie de fita, que vai detectar a presença de anticorpos IgG e IgM. Estes anticorpos são produzidos pelo corpo humano para se defender do coronavírus.
Apesar de o teste rápido levar em média 15 minutos para ficar pronto, o infectologista Lauro Ferreira Pinto destaca que ele é indicado para ser realizado apenas após uma semana que o paciente teve contato com o vírus.
O teste rápido não detecta o vírus nos primeiros dias, ele precisa da presença de anticorpos para verificar a positividade. E muitas vezes o corpo só vai produzir anticorpos depois de 7, 8 dias. Não é um teste que vai ser usado para identificar a corrente de transmissão do vírus, mas pode ser útil para se ter uma ideia do tamanho da população exposta ao vírus, para estudos epidemiológicos, conclui.
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