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Conheça Davi, o mineiro que ganha a vida vendendo pão de queijo nas ruas da Grande Vitória

Conheça Davi, o mineiro que ganha a vida vendendo pão de queijo nas ruas da Grande Vitória

O vendedor chega a arrecadar cerca de R$ 900 por dia, lucro que é dividido com o irmão

Publicado em 6 de setembro de 2013 às 13:40

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Davi de Jesus Pereira, 44 anos, vendedor de pão de queijo. (Barbara Oliveira)

Reportagem originalmente publicada em 6/9/2013

Você provavelmente já viu Davi pelas ruas da Grande Vitória. Talvez já tenha até esbarrado com ele dentro do ônibus. Ou quem sabe encontrado o rapaz passando pelas ruas do seu bairro. Moreno, jaleco branco e cesta marrom sempre no ombro, o onipresente vendedor percorre as ruas da Grande Vitória vendendo o seu famoso pão de queijo. 

 Davi de Jesus Pereira, de 44 anos, passa mais tempo na rua do que em casa. Levanta todos os dias às 5h e só retorna depois das 21h. Mineiro, ele mora em Vitória desde 2000 e há 13 anos ganha a vida vendendo pão de queijo. 

 No começo, as vendas eram feitas junto com o irmão Paulo César. Hoje, são mais seis colaboradores, espalhados por diferentes cantos. E Davi garante: dá para viver muito bem vendendo pães de queijo por aí. 

"Meu irmão é quem produz. Ele já vendia pão de queijo lá em Minas, desde criança. Eu era pintor de automóvel e ele passava nas oficias onde eu trabalhava para vender. Quando ele veio pra cá com a esposa, me chamou para vir junto. Trouxe um forninho e começou a fazer o pão de queijo. Ele fazia só para nós. Durante um tempo foi desse jeito: eu ia para um lado e ele ia pra outro, vendendo todo dia, de manhã e de tarde. Depois de um tempo, começou a aumentar a procura e meu irmão começou a mexer com outras coisas. Agora ele não sai mais para vender. Só faz o pão de queijo. Hoje ele vende açaí e tem até um restaurante. Mas o alicerce de tudo é o pão de queijo", conta. 

 

NEGÓCIO DE SUCESSO  

 Davi vende, em média, 560 pães de queijo por dia. Na cesta cabem 140 unidades, e ele repõe o estoque quatro vezes ao dia: duas de manhã e duas à tarde. Na hora de escolher o sabor, o cliente tem duas opções: o pão de queijo tradicional e o recheado com goiabada. Cada pão é vendido por R$ 2, mas tem promoção de três unidades por R$ 5. Ao final do dia, o vendedor chega a arrecadar cerca de R$ 900. Quando tem algum evento, vende ainda mais. Davi fica com 60% do lucro e os outros 40% vão para o irmão. Mas em breve a divisão dos lucros deve passar a ser igualitária.

 "Acordo 5h todos os dias. Às 6h, já estou saindo de casa. Pego o primeiro ônibus que passar e sigo sem destino fixo. Quando o pão de queijo está quase acabando, eu já ligo pedindo para fazer mais. Pego o ônibus para voltar pra casa e saio com uma nova remessa. No caminho vou vendendo os poucos que faltam. Eu compro o pão de queijo do meu irmão quase que pela metade do preço. Cada um custa R$ 0,80. Mas ele já avisou que daqui uns dias vai ter que aumentar pra R$ 1 porque o preço da matéria-prima - polvilho, queijo, leite, ovos e margarina - aumentou muito", explica.

Apesar de ser um alimento tradicional da culinária mineira, Davi conta que não encontra dificuldades para vender pão de queijo nas ruas da Grande Vitória. E na trajetória de todos os dias, uma ajuda é fundamental: o apoio dos motoristas de ônibus.

"Quando a gente começou a vender aqui, era novidade. Agora tem outras pessoas que fabricam e vendem inspirados na gente. Em Belo Horizonte, todo lugar tem pão de queijo. Aqui você não encontra tão fácil. Aqui é bom demais para vender. Sem contar que a maioria dos motoristas é bacana. Ajuda muito poder entrar dentro do ônibus. Tudo que um vendedor precisa é de um local com muita gente", garante Davi, que vende grande parte dos pães de queijo dentro dos coletivos.

O TRAJETO DO PÃO DE QUEIJO

Encontramos Davi às 10h30 de uma quinta-feira, na Rodoviária de Carapina, na Serra. Já era a segunda viagem do vendedor, e o pão de queijo estava quase no fim. Antes de chegar até ali, Davi já havia passado por Maruípe, Avenida Vitória e Reta da Penha, perguntando aos passageiros de vários ônibus: "Quer pão de queijo? Fresquinho, gostoso, muito bem feito. Pode comprar que é muito bom, você não vai se arrepender".

Mal chegou à Rodoviária de Carapina e a primeira cliente apareceu. Levou logo três pães de queijo. Graciene Oliveira, de 38 anos, mora em João Neiva, e toda vez que vem a Vitória procura por Davi. "Compro sempre. Gosto mais do tradicional", contou.

 Na sequência, o taxista Jairo Gonçalves, de 46, já leva mais um: "adoro o pãozinho de queijo dele", revela.

 E Davi segue seu caminho, de ônibus em ônibus, a cesta vai ficando vazia. Um passageiro interrompe a conversa com a reportagem e quer logo saber se Davi vai sempre a Jardim Camburi. E emenda: "Já vi você ali perto do tobogã. O pessoal de lá compra sempre".

 Pouco depois, o vendedor tentar entrar em mais um ônibus, mas é impedido pelo motorista. Davi não se importa. Nota que a cesta está praticamente vazia e liga para casa pedindo para preparar novos pães de queijo. Chega em casa, na Ilha de Santa Maria, em Vitória, na hora do almoço, com a cesta vazia. Na metade do dia, foram vendidos 280 pães de queijo.

 É só o tempo de almoçar, e os pãezinhos ficam prontos. Com carinho, o vendedor enche a cesta, que mal fecha, depois que os 140 pãezinhos estão organizados. Balaio sobre o ombro, ele volta às ruas. Embarca no coletivo e segue em direção ao Hospital Santa Rita, onde logo é abordado por gente como Clenilda Vergueiro da Silva, de 44 anos, que sai do interior do Estado para cuidar da saúde na Capital. "Sempre compro na mão dele. O pão de queijo dele é um delícia", conta a mulher, que mora em Boa Esperança e traz os três filhos para consulta com o neuropediatra.

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 A reportagem vai embora, mas Davi segue o seu caminho, com o mesmo discurso até o final do dia: "Quer pão de queijo?".

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