Três dias após o governo do Estado anunciar as medidas de prevenção do coronavírus, que inclui a retirada dos ônibus com ar-condicionado de circulação, passageiros continuam reclamando de atrasos e lotação. Procurados, os órgãos responsáveis pelos ônibus informaram que houve remanejamento de horários e diminuição da frota em até 40%. Porém, não comentaram sobre a reclamação de carros lotados que preocupa passageiros.
Uma moradora de Jardim Camburi, que prefere não se identificar, contou à reportagem que nos últimos dias tem ficado cerca de 40 minutos aguardando ônibus em Vitória para ir trabalhar pela manhã. Ela conta que a única linha atualmente disponível para o trajeto dela, o 211 (Jardim Camburi X Santo André), passou às 7h25 e o ônibus seguinte só passou às 8h10.
"Desde terça-feira (17) estou com dificuldade de usar o transporte público em Jardim Camburi. Na terça o ônibus estava lotado, na quarta ( 18) o ônibus que passou mais rápido foi com ar condicionado. Nestes últimos dias, a linha 211 demorou a passar. Precisei ficar 40 minutos esperando, sendo que geralmente não demora 20 minutos entre um e outro", reclamou.
Já uma moradora de Manguinhos, na Serra, reclamou dos ônibus lotados. Embora uma das orientações de prevenção contra o coronavírus seja evitar aglomerações, ela conta que é impossível usando o transporte público atual.
"O ônibus que pego tem horário de saída do ponto final às 6h55, em Manguinhos, e atrasou 10 minutos. Eu moro a três pontos de distância do ponto final da linha 831, e não havia razão para o atraso. O cobrador alegou que foi problema de trânsito, mas no trecho não há fluxo de veículos para isso. É na via interna. O ônibus acabou ficando cheio porque os pontos estavam lotados. Antes das medidas do governo não havia esse problema", contou.
A gerente de clínica odontológica Malany Gasparini Dias Jaeger, de 30 anos, conta que todos os dias embarca nos ônibus das linhas 510 (Carapina X Vila Velha) ou 508 ( Laranjeiras X Vila Velha) por volta das 7 horas. Porém, nos últimos três dias ela conta que os veículos não passaram no horário. Ela tem esperado por cerca de 20 minutos até a chegada de um carro sem ar. Além do atraso, Malany aponta um segundo problema: os carros chegam lotados.
Ela completou que os ônibus já ficavam lotados no horário de pico, mas que sentiu um aumento nos últimos dois dias. Para a gerente, ficar em casa é um privilégio que a maioria dos trabalhadores não tem.
"A recomendação é que a gente fique em casa, mas quem vai pagar minhas contas? Nem todo mundo tem o privilégio de trabalhar em casa. Quem precisa sair, está sendo prejudicado. Os ônibus já ficavam lotados em horário de pico, mas agora piorou. Minha colega de trabalho esperou por meia hora e teve que vir trabalhar de Uber. Eu esperei 20 minutos e viajei em um ônibus mais cheio do que o normal", afirmou.
Procurada, a Ceturb-ES afirmou, por nota, que todos os ônibus com ar condicionado foram substituídos por veículos da frota de reserva. "Com a diminuição do fluxo de veículos e pessoas pelas ruas, está acontecendo um remanejamento dos horários, já que os ônibus estão fazendo seus trajetos em menos tempo, o que estaria alterando o tempo de chegada e saída dos veículos nos terminais", disse a nota.
Também procurada, a Secretaria Municipal de Trânsito de Vitória informa que, devido ao coronavírus, as empresas de transporte coletivo de Vitória foram orientadas a dispensar seus colaboradores com mais de 60 anos para evitar a contaminação. "Com isso, a frota está circulando com a programação de sábado, o que equivale a uma redução de 40% do serviço".
Indagadas sobre a reclamação dos passageiros de que os ônibus estão mais cheios que o normal, preocupando os capixabas que temem a proliferação do vírus em aglomerações, a Ceturb e a Setran não comentaram sobre o assunto.
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