A família do marinheiro capixaba Higor Pimenta, 37 anos, está em um dilema: voltar ou não agora para a Itália, país onde o coronavírus já matou 14 pessoas e infectou 528. Eu tenho que voltar devido ao meu trabalho lá, mas eu e minha esposa estamos analisando a possibilidade dela e nossa filha ficarem no Brasil, contou o marinheiro.
Higor é de Afonso Cláudio e veio, no início do mês, junto com a esposa e filha de seis meses passar férias. Sabíamos do surto na China desde nossa saída da Itália. Estamos preocupados, mas preciso voltar. Mantemos contato com amigos de lá para entender melhor e com calma a situação de Imperia (região italiana da Liguria) onde moramos, explicou.
Para quem está com viagens de turismo já marcadas, a dúvida é ainda maior, uma vez que não se trata de emergência e, em casos de epidemia, a primeira recomendação é evitar ir a locais com grande incidência da doença. Se este é o seu caso, especialistas orientam como proceder.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia no Espírito Santo, Alexandre Rodrigues, quem vai viajar para regiões de risco deve ter os mesmos cuidados de higienização, como está sendo recomendado. Lavar sempre as mãos, ter cuidado no momento de espirrar, ficar atento aos sintomas de um familiar, isso dentro ou fora de um país com risco. Mas chamo mais atenção ainda para as mãos, que são uma fonte de contaminação importante de vias respiratórias, carregam microorganismos e transmitem o vírus ao tocar nas áreas mucosas como olhos, boca e nariz, observou o médico.
O italiano Francesco Molini, 43, está há 10 anos em Vila Velha, onde se casou e vive com a família. Porém, a profissão dele o faz viajar muito. Por trabalhar como coordenador de vendas de blocos de mármore e granitos, Francesco teve uma viagem para feira de pedras na China adiada e deve ir aos Estados Unidos no dia 17 de abril.
A China preferiu remarcar a feira para junho devido ao coronavírus. Já a feira dos Estados Unidos ainda está com a data mantida. A medida de precaução é álcool em gel e muita fé, porque não podemos parar. Eu atendo a vários chineses, aqui mesmo eles entraram sem nenhum controle na última feira de rochas. A gente tem que trabalhar, clientes viram amigos, almoçam juntos, entram no carro, não tem como fugir nisso, descreve Molini, que afirma não estar muito preocupado com a doença.
A taxa de mortalidade é muito baixa e atinge mais idosos e pessoas com doenças cardíacas. Eu ainda não estou nesses grupos. Falo todo dia com minha família e amigos na Itália e sei que houve uma histeria, as pessoas acabaram com estoques de supermercados por causa de informações de redes sociais que eram falsas, argumenta.
O infectologista Crispim Cerutti diz que, para quem vai viajar a passeio, uma boa alternativa é evitar aglomerações. Sei que em turismo é difícil, mas em lugares com muitas pessoas afetadas há um risco maior de transmissão. Caso haja alguém com sintomas respiratórios, sugiro guardar dois metros de distância, lavar as mãos com frequência, andar com um frasquinho de álcool em gel para usar quando tocar em superfícies e não levar as mãos aos olhos e à boca, destaca o médico.
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