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Corte na Educação: conheça histórias de quem vai perder bolsa na Ufes

Corte na Educação: conheça histórias de quem vai perder bolsa na Ufes

Suspensão do benefício vai comprometer pagamento de aluguel, transporte e alimentação de estudantes da Ufes

Publicado em 3 de setembro de 2019 às 23:01

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Alunos da Ufes perdem bolsas de iniciação científica, pesquisa e extensão . (Ricardo Medeiros)

A bolsa de R$ 400,00 paga a estudantes da graduação na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) pode parecer pouco, mas faz a diferença para muitos universitários que dela dependem para estar no campus. Pagamento de aluguel, transporte e até alimentação são assegurados pelo benefício. Contudo, sem a garantia de repasses do Ministério da Educação (MEC), a Ufes precisou suspender 1,1 mil bolsas

O benefício faz parte do Programa Integrado de Bolsas (PIB), mantido pela própria universidade com verba de custeio, justamente no segmento em que o MEC bloqueou recursos no início do ano. Mesmo com os ajustes de despesas já feitos pela Ufes, como redução do consumo de energia e de serviços como limpeza, tornou-se inviável o desembolso de R$ 500 mil mensais para a permanência do programa nas áreas de apoio ao ensino, iniciação científica, pesquisa e extensão.

Tharik Arnous Alves, estudante de Educação Física, perdeu a bolsa da Ufes. (Acervo pessoal)

A suspensão da bolsa deixou o estudante Tharik Arnous Alves, 22 anos, bastante preocupado. Cursando o 7º período de Educação Física, ele atua como monitor no centro desportivo da Ufes e há um ano usava os R$ 400 para complementar a renda. "Eu perdi o benefício e a chance de conseguir outro. Sou de Guarapari e usava o dinheiro para ajudar no aluguel, transporte e também na alimentação. Não ter a bolsa faz muita diferença para mim", afirma. 

Questionado sobre como deverá se manter sem a bolsa, Tharik diz que não faz ideia. "Ainda estou vendo como vou continuar a pagar as contas. Minha mãe ajuda, mas as coisas também não estão fáceis para ela", lamenta o universitário. 

Já de saída da universidade, Luana Bussolat, 24, revela que a bolsa também a ajudou a permanecer estudando, com compra de material, alimentação e despesas da casa. Prestes a colar grau em Serviço Social, Luana avalia que talvez não pudesse continuar no curso se o benefício tivesse sido suspenso antes, e acredita que será um impacto grande para quem não terminou a graduação.

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ico preocupada com os próximos alunos, principalmente quem é do interior. O cancelamento das bolsas prejudica muito. A minha permanência foi possível porque eu tinha esse auxíli

Luana Bussolat
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Estudante de Artes Visuais, Isabela Vieira, 23, nem conseguiu comemorar a concessão do benefício que receberia, pela primeira vez, no final de setembro. A suspensão da bolsa chegou antes do pagamento. Ainda assim, ela pretende continuar com seu projeto de iniciação científica porque considera que é importante o campo de estudos a que se propôs: o trabalho de arte-educadores no ensino fundamental. Ou seja, vai se dedicar à pesquisa na área de educação, mas não será recompensada.

O cancelamento das bolsas foi reconhecido pela Ufes como uma medida extrema, diante do fato de o orçamento de 2019 não estar sendo cumprido pelo governo federal, mas a administração central afirma que mantém as negociações com o MEC e espera poder reverter a medida.

CAMPUS SEM LUZ E PAPEL HIGIÊNICO

Os impactos dos anos seguidos de cortes no orçamento do Ministério da Educação também são sentidos por quem tem condições de se manter na universidade. No dia 16 de agosto, a reportagem do Gazeta Online foi ao campus de Goiabeiras da Ufes, em Vitória, e confirmou vários problemas que são constantemente relatados por estudantes e servidores.

Pelo menos em dois prédios com salas de aula, os banheiros sequer tinham papel higiênico e sabonete, itens básicos para a higiene dos alunos.Corredores às escuras e sujeira espalhada pelo chão também foram registrados pela reportagem. 

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