Os 70 moradores dos imóveis danificados durante de um incêndio a uma loja de couros e decorações, na Vila Rubim, em Vitória, ainda não sabem quando poderão voltar para suas casas com segurança. Desde o acidente, há quatro meses, oito edificações vizinhas ao ponto comercial foram interditadas e ainda não há previsão para liberação.
Segundo a Defesa Civil de Vitória, a loja incendiada continua interditada, assim como dois prédios, dois sobrados e quatro casas que fazem limite com o imóvel. O órgão informou ainda que todas as construções danificadas pelo fogo "somente serão desinterditadas pela Defesa Civil quando o proprietário da loja incendiada realizar as intervenções necessárias".
As intervenções solicitadas ao proprietário do imóvel são o escoramento da laje, do galpão dos fundos e mezanino da loja, a demolição das áreas comprometidas, a recuperação dos imóveis atingidos e a apresentação de laudo técnico que ateste a estabilidade de todos os imóveis afetados.
No dia seguinte ao incêndio, o então coordenador da Defesa Civil de Vitória, Jonathan Jantorno, explicou a interdição. "A interdição desses imóveis se dá pela gravidade da ocorrência e há a necessidade de bastante infraestrutura para ser realizada. Há várias operações aqui para serem realizadas, como o desmonte de uma laje com risco de deslizamento, escoramento do mezanino, entre outras intervenções", disse.
Na época, a Prefeitura de Vitória, por meio da Defesa Civil, informou que a loja e o galpão anexo que também queimou estavam irregulares e que, inclusive, haviam sido notificados 56 vezes, pois não tinham exigências como rota de fuga e extintores de incêndio.
Na manhã da última quarta-feira (15), moradores do Centro de Vitória ficaram novamente apreensivos com a situação dos prédios da região: um imóvel de dois andares desabou às 5h53. Localizado na Rua Sete de Setembro, ele fica próximo a diversos comércios e a cerca de dez metros de um bar que costuma colocar mesas pelas ruas e calçadas, e que encerrou o expediente apenas quatro horas antes do incidente.
Em entrevista à Rádio CBN Vitória (92,5 FM), a engenheira civil da Defesa Civil de Vitória, Sidneia dos Santos, informou que a estrutura que desabou é da década de 1950 e que estava desocupado há cerca de cinco anos. De acordo com ela, a falta de conservação na estrutura de madeira pode ter causado o desabamento.
Representante de um dos proprietários do imóvel, o assessor patrimonial Délio dos Santos Silva afirmou que a edificação não estava abandonada. Ela foi vistoriada por agentes do município anualmente e sempre atendemos a qualquer solicitação. A última visita foi em maio de 2019, quando não atestaram nenhuma irregularidade, garantiu.
Em um levantamento feito pela Associação de Moradores do Centro de Vitória (Amacentro), em parceria com a Defensoria Pública do Espírito Santo, foram denunciados outros 104 imóveis históricos fechados ou abandonados na região. Ou seja, em potencial situação de risco à integridade física das pessoas.
Diretora de Cultura da Amocentro, Stael Magesck falou sobre o cenário. "Fizemos esse mapeamento em novembro do ano passado. Registramos imóveis que estão há mais de 10 anos sem uso. Isso desvaloriza toda a região e implica vários outros problemas mais graves. A situação é pior do que podemos imaginar", afirmou.
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