Para fazer a árvore genealógica da família, o servidor público William Bonato, 45 anos, revirou mais que certidões de nascimento. As pesquisas sobre os ascendentes italianos o levou a mergulhar em uma história da imigração no Espírito Santo, primeiro estado brasileiro a receber os europeus da Itália.
O que me chamou mais atenção é que a minha família faz parte de um movimento migratório do Brasil todo, assim como outras tantos núcleos familiares. São grupos que fazem parte da construção da cultura do Espírito Santo, influenciando em coisas como a forma de falar, a culinária, hábitos e outras tantas características fortes, pontuou Willian.
O servidor público é um dos tantos descendentes de italianos que comemora, nesta sexta-feira (21), o Dia Nacional da Imigração Italiana no Brasil. O primeiro navio a chegar ao Brasil foi o La Sofia, em 1874, com 388 passageiros que viviam em Trentino e em Veneto, na Itália. Inaugurava-se, assim, a vinda em massa dos italianos.
Os ocupantes deste primeiro navio foram todos para o Espírito Santo com o objetivo de morar em uma fazenda, em Santa Cruz, Aracruz. A propriedade era do também italiano Pietro Tabachi, que já vivia aqui, e organizou a travessia do oceano para que pudesse colonizar a fazenda. Porém, houve um descontentamento por parte dos imigrantes em relação às terras que receberam na época, descreveu Bonato, que acabou estudando por 13 anos a história da imigração italiana para o Espírito Santo e vai lançar um livro contando a trajetória dos ascendentes no dia 16 de maio, em São Roque do Canaã.
O grupo se dividiu, indo parte para o Sul do País e o restante foi de barco para a localidade de Santa Leopoldina, já povoado. Desbravadores, eles seguiram pelo meio do mato até o núcleo de Timbuí, que hoje é a cidade de Santa Teresa, fundada por eles. Tanto que em 2018 o município recebeu o título de primeira cidade colonizada pelos italianos no Brasil, explicou Bonato.
No livro, ele conta a trajetória dos antepassados Bonato, Bongiovani, Dalcomune e Maffioletti, desde quando deixaram para trás as regiões de Lombardia e Vêneto, até a chegada ao Porto de Vitória, em 1887.
A base da pesquisa para o livro foi o Arquivo Público Estadual, onde encontrou preciosidades sobre a imigração italiana. Para ele, o Dia Nacional da Imigração Italiana no Brasil é uma data a ser comemorada.
Tenho orgulho de saber que meus antepassados fizeram parte desse movimento de imigração. Não foi fácil abandonar o país de origem e vir para o Brasil. Eles vieram para sobreviver a uma crise econômica que a Itália passava. Somos descendentes de pessoas que desbravaram matas, deixaram um legado de lutas, coragem e vitórias, completou.
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