Um jacaré-de-papo-amarelo capturado no Espírito Santo passou por um pequeno procedimento cirúrgico na manhã desta terça-feira (3) e será monitorado via GPS pelos próximos meses. O objetivo é entender o comportamento dele no meio ambiente e, assim, gerar políticas públicas para a preservação do réptil, que corre risco de extinção.
Colocamos um rádio colar no dorso dele e, sob a pele, um chip de geolocalização. Agora, sete jacarés estão com esse monitoramento. Começamos no ano passado e seguiremos até o final deste ano. Depois, com os dados, conseguiremos estabelecer áreas de proteção, por exemplo, explicou Yhuri Cardoso Nóbrega, coordenador do Projeto Caiman, que realiza a pesquisa.
Biólogo com 12 anos de experiência vinculada aos jacarés, ele se surpreendeu com o réptil encontrado no Estado, que tem 2,5 metros de comprimento e pesa cerca de 65 kg. Ele é o maior que eu vi em toda a minha vida. É extremamente raro. Aqui no Espírito Santo, ele é categorizado como em perigo de extinção, que é o penúltimo estágio mais crítico, disse.
Apesar da ameaça, a Grande Vitória tem uma espécie de santuário do jacaré-de-papo-amarelo, na cidade da Serra. É um cinturão verde com oito lagoas, protegido pela ArcelorMittal. Por lá, existem cerca de 500 exemplares da espécie. Para se ter uma ideia da grandiosidade, as outras localidades em que eles estão presentes no Estado não chegam a ter 20 deles, contou Yhuri.
Amante das regiões mais úmidas, o jacaré-de-papo-amarelo é um animal típico da Mata Atlântica, mas pode acabar sendo encontrado em territórios urbanos, principalmente nesta época de chuvas. Com as ruas com água pode ser até frequente. A nossa orientação é apenas para que as pessoas não o perturbem, mantenham distância e acionem a Polícia Militar Ambiental, afirmou.
De acordo com o especialista, o jacaré é uma espécie extremamente importante para o ecossistema como um todo, porque ao contrário do que muitos podem pensar ele também serve de comida para diversos outros animais. Enquanto são filhotes, eles servem de alimento para macacos, peixes e mamíferos silvestres, revelou Yhuri.
Já como predador, ele controla uma infinidade de populações. Primeiro os insetos, depois anfíbios, peixes e mamíferos, continuou o biólogo. O maior animal que ele come é uma capivara. Então, o ser humano não precisa ter medo deles. Eles não nos atacam; muito pelo contrário, eles que têm medo de nós, concluiu.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta