A chegada do frio traz também solidariedade. Nesta época do ano, pessoas que estão em uma casa quente se voltam para quem mal tem o que vestir. É o caso de um grupo de voluntários em Vila Velha. Com as noites frias, eles levam além de alimentos e roupas, cuidados a pessoas em situação de rua no bairro Divino Espírito Santo.
Neste inverno, o grupo arrecadou e distribuiu mais de 40 cobertores. Os voluntários fazem parte do projeto Fábrica de Sorrisos, que reúne cerca de 45 pessoas e realiza uma ação toda quinta-feira.
Uma das moradoras de rua que recebe a ajuda desse grupo é Ivani Júlia Ribeiro, de 52 anos. A faxineira conta que está vivendo em uma tenda improvisada porque perdeu o emprego e não tem como pagar o aluguel. Com a ação do grupo, ela encontrou uma ajuda para enfrentar as noites geladas.
Esses últimos dias foram de muito frio e a gente tem que se virar do jeito que dá. Com esse cobertor, tenho certeza que vou conseguir dormir e ter uma noite melhor, destacou.
Ivani é uma das pessoas em situação de rua que improvisa abrigo. Em uma rua sem saída, ela dorme com aproximadamente mais 20 pessoas que também tentam se proteger do sol, chuva e frio.
Às vezes a gente passa o dia todo sem comer. Teve dias que não comi nem uma bala e só consegui me alimentar quando os voluntários chegaram aqui com comida, contou a faxineira. Ela destacou que o projeto é ainda mais importante no inverno.
O frio é uma coisa difícil de suportar. Já vivi o frio de São Paulo e o Espírito Santo não está ficando para trás. Já dormi com fome, mas com frio é muito complicado, disse Ivani.
EM VITÓRIA
A solidariedade também está na capital. A estudante de Direito Júlia Falqueto, de 21 anos, distribui sopas para pessoas em situação de rua em Vitória. Ela pontua que a atenção se dobra em épocas de frio. A gente sente a diferença. O frio acaba nos alertando e chamando mais atenção para aqueles que precisam, relatou.
Uma das pessoas que recebeu a sopa distribuída por Júlia foi Fernanda dos Santos. Ela tem deficiência física e usa uma cadeira de rodas, o que a torna um pouco mais dependente da ajuda de outras pessoas, como a Júlia.
Fernanda vive com o marido na rua e dorme, de forma improvisada, no bairro Horto. Ela conta que também tem a companhia de cachorros, que além de amigos acabam servindo de cobertor para o casal.
Além de cuidarem da gente, eles nos esquentam. Ficam rodeando a cama improvisada no chão e aquecendo a gente neste frio, disse.
Para a universitária Júlia Falqueto, quem ganha com a solidariedade não é apenas quem recebe, mas também quem pratica.
Eu geralmente vou a orfanatos durante o ano, mas nesse período de frio tive o convite e, pela primeira vez, vim ajudar os moradores de rua. Faz mais bem a nós do que a eles. É gratificante praticar essas ações, finalizou.
CERCA DE MIL PESSOAS NAS RUAS DA GRANDE VITÓRIA
Ao todo, aproximadamente 1.000 pessoas se encontram em situação de rua na Grande Vitória, de acordo com o último mapeamento realizado pelos municípios. A estas, são oferecidos programas sociais e abrigos, que não conseguem contemplar nem mesmo metade da população nesta situação.
Na Capital, cerca de 300 pessoas moram nas ruas. O município informou que, de janeiro a junho deste ano, 3.626 abordagens foram feitas e 222 pessoas atendidas por programas de reinserção social.
Na Serra, cerca de 150 pessoas estão em situação de rua. A prefeitura conta com dois abrigos para acolher estas pessoas, que podem se alimentar, tomar banho e participar de oficinas educativas no local. Além disso, o município oferece serviços de encaminhamento a emprego e Educação de Jovens e Adultos.
Já em Cariacica, foram contabilizadas, até o início de junho, 376 pessoas em situação de rua. A prefeitura informou que são feitos trabalhos de acolhimento a esta população por meio da assistência social. O município também conta com um abrigo que funciona 24 horas por dia, porém só tem capacidade para 40 pessoas, quase um décimo do número atual de moradores de rua.
Em Vila Velha, 170 pessoas estão em situação de rua, segundo a prefeitura. O órgão disse que oferece vagas em abrigo, alimentação e atendimento psicológico, além de passagens rodoviárias para locais de origem destes moradores de rua.
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