O empresário Wagner José Dondoni de Oliveira é considerado um foragido da Justiça. Ele foi condenado na madrugada desta terça-feira (6) a uma pena de 24 anos e 11 meses em regime fechado pela morte de uma família em um acidente de trânsito, ocorrido há dez anos.
Na tarde desta terça-feira (6) foi expedido o mandado de prisão. Desde então, as informações são de que a Superintendência de Polícia Interestadual e de Capturas (SPIC) e os setores de inteligência das Polícia Civil e Militar realizam diligências para localizá-lo nos endereços por ele informados.
Até a noite ele não havia sido encontrado ou mesmo se apresentado à polícia. Na residência dele, uma pessoa que se apresentou como seu irmão, sem se identificar, e em entrevista para a TV Gazeta, informou que Dondoni não se encontrava em casa e que a última informação que teria dele é de que estaria em Minas Gerais.
O secretário de Segurança, Nylton Rodrigues, informou que as polícias - civil e militar - irão fazer cumprir a decisão da Justiça estadual.
De acordo com o advogado Ludgero Liberato não é necessário nenhum prazo para que o mandado de prisão seja cumprido. "A ordem foi expedida e tem que ser cumprida", destaca, acrescentando ainda que o réu, a partir do momento em que foi procurado e não foi encontrado, é considerado foragido.
Liberato explicou ainda que a situação ocorrida com o ex-presidente Lula, a quem foi concedido um prazo de 24 horas para se apresentar à Justiça, ou sua prisão seria executada, não é regra do Código de Processo Penal.
A prisão de Dondoni foi decretada pelo juiz que presidiu o Tribunal do Júri, no Fórum de Viana, Romilton Alves Vieira Júnior. "Pelo exposto, decreto a prisão do acusado Wagner José Dondoni, ostentando natureza de execução provisória da pena de prisão em razão da condenação pelo Tribunal do Júri, determinando, assim, que o réu condenado, após ser devidamente preso, se recolha à prisão, onde deverá permanecer se pretender recorrer. O réu, após devidamente preso, deverá ser conduzido à Unidade Prisional competente a fim de cumprir a prisão decorrente da condenação pelo Tribunal do Júri, com os alertas às autoridades que deverão adotar todas as providências para a segurança do réu", diz a sentença do juiz Romilton Alves.
A CONDENAÇÃO
A condenação de Dondoni foi anunciada dez anos após a tragédia na BR 101, em Viana, que destruiu a família do cabeleireiro Ronaldo Andrade. Ele, que é o único sobrevivente do carro atingido pelo empresário, que perdeu a esposa Maria Sueli Costa Miranda, e os dois filhos, Rafael Scalfoni Andrade e Ronald Costa Andrade.
Dondoni não compareceu à audiência, que durou quase 15 horas no Fórum de Viana, e foi condenado pela maioria dos votos, mas pode recorrer da decisão. Ele responde pelos crimes de homicídio simples por ter causado a morte de Maria Sueli, e os filhos Rafael e Ronald, tentativa de homicídio, por Ronaldo Andrade, e uso de documentação falsa.
O promotor do Ministério Público do Espírito (MPES) Fábio Langa Dias explicou que a condenação do juiz apontou dolo eventual, quando o acusado não tem a intenção de cometer o crime. Foi muito argumentado aqui que ele não queria praticar o crime, mas o comportamento dele desde a saída de Guarapari, até o desfecho do acidente é um comportamento de assumir os riscos de morte, disse.
O promotor informou ainda que vai recorrer da pena porque acredita que a pena deveria ser maior. Fábio afirmou que o mandado de prisão deve ser expedido ainda nesta terça-feira (6) e Dondoni pode ser preso a qualquer momento.
Já sobre a possibilidade de recorrer a favor de Dondoni, o advogado do empresário, Rogério Pires Thomaz, disse que ainda avaliaria a situação. Tenho que conversar com a família de Dondoni e ver o que faremos, mas possivelmente terá apelação da sentença.
Emocionado, Ronaldo comemorou a decisão da Justiça. "Sempre acreditei na Justiça e ela foi feita. Agora eu vou começar a viver o tempo que eu fiquei parado".
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