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Espírito Santo tem só um respirador para cada 2.700 habitantes

Espírito Santo tem só um respirador para cada 2.700 habitantes

Cada paciente grave do novo coronavírus precisa ter um aparelho à disposição. Total de respiradores preocupa, já que a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) estima que o número de casos confirmados do novo coronavírus chegue a quase mil até o fim desta semana

Publicado em 13 de abril de 2020 às 16:36

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Novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com respirador no Hospital Jayme Santos Neves, na Serra.
Respiradores mecânicos são necessários em casos graves, quando há comprometimento dos pulmões devido à ação do novo coronavírus. (Reprodução/TV)

Com um total de 1.468 respiradores e uma população estimada em cerca de 4 milhões de habitantes, o Espírito Santo tem uma média de um ventilador pulmonar para aproximadamente cada 2.700 pessoas. O levantamento é do núcleo de GeoSaúde, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), considerando dados coletados no sistema do Ministério da Saúde, o DataSus, em fevereiro deste ano. 

Essa quantidade de equipamentos considera todos os respiradores disponíveis no território capixaba, incluindo o de pessoas físicas e aqueles instalados em ambulâncias. Ou seja, uma parcela deles não está vinculada às unidades de terapia intensiva (UTI) e, portanto, não estaria inicialmente à disposição para o tratamento de pacientes da Covid-19.

total de respiradores disponíveis para o Estado é considerado insuficiente diante do número de casos registrados e da projeção do avanço da doença. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) estima que o número de casos confirmados do novo coronavírus chegue a quase mil até o fim desta semana no Espírito Santo.

Espírito Santo tem só um respirador para cada 2.700 habitantes

"A gente tem 1.500 casos sendo investigados. Como para cada 100 exames, a gente tem 33 positivos, é bem provável que a gente tenha confirmação, até o final da semana, de pelo menos mais 400 casos, o que levaria para um número muito próximo de mil pessoas que teriam confirmado a doença entre nós", explicou o subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, em entrevista ao programa Bom Dia Espírito Santo, da TV Gazeta, nesta segunda-feira (13).

O comportamento da doença em outros países mostrou que cada pessoa internada em estado grave precisa de um ventilador mecânico – o que aumenta o número necessário dos aparelhos, que, por vezes, podiam ser compartilhados. Por isso, o Estado anunciou a compra de mais de 200 respiradores no último mês de março.

Mas, devido à escassez do produto no mercado, a aquisição dos equipamentos pelo governo estadual chegou a ser alvo de uma briga judicial. A administração do Hospital Doutor Jayme dos Santos Neves ingressou com uma ação contra a tentativa da União de centralizar todos os respiradores produzidos e disponíveis para pronta-entrega no país. Após decisão favorável da Justiça ao Espírito Santo, o Estado pôde receber os novos aparelhos.  

Mais da metade dos aparelhos existentes está concentrada em apenas três cidades: Vitória (387), Vila Velha (249) e Serra (192), todas na Região Metropolitana. A distribuição também faz com que 30% dos municípios não tenham respirador e outros 23% tenham somente um.

Dentro do cenário estadual – e fora da Grande Vitória – os municípios de Cachoeiro de Itapemirim e São Mateus se destacam com 151 e 74 respiradores, respectivamente. Localizadas nas regiões Sul e Norte, elas foram duas das cidades escolhidas para abrigarem hospitais de referência para os casos de coronavírus no Espírito Santo.

O estudo capixaba também revelou que a maioria dos ventiladores pulmonares – cerca de 73% – está sob administração pública ou filantrópica. Entre as exceções mais relevantes, estão as cidades de Cariacica e Colatina, com 93% e 60% dos aparelhos em hospitais particulares, nesta ordem.

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Respiradores no ES: baixe os mapas elaborados pelo núcleo de GeoSaúde, da Ufes

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O OLHAR DO COORDENADOR

Responsável por coordenar o estudo, Rafael Catão chamou atenção para o fato de Fundão não ter respirador algum. “Embora esteja próximo de cidades que tenham o aparelho, na minha opinião, seria interessante ter. A BR 101 corta o município e há um fluxo muito grande de pessoas”, defendeu.

O professor também ressaltou que a distribuição dos ventiladores pulmonares é semelhante a dos leitos no Espírito Santo, que é concentrada em poucos municípios. “É um aparelho técnico, mais presente em locais com mais recurso disponível. Não adianta colocar um respirador onde não há um profissional qualificado para entubar um paciente, por exemplo”, explicou.

O QUE DIZ A SESA

Depois de autoridades do Espírito Santo darem informações desencontradas sobre a quantidade de respiradores disponíveis para o tratamento de pacientes da Covid-19, A Gazeta foi atrás de dados atualizados e oficiais para explicar a real situação do Estado. Novamente acionada nesta segunda-feira (13), a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) confirmou os seguintes números:

  • O Estado fez a compra de 284 respiradores no total;
  • Desse total, 90 já chegaram;
  • Os outros 194 vão chegar gradativamente até o próximo mês de maio;
  • Mais de 140 leitos de UTI já estão disponíveis para atendimento, cada qual com um respirador, incluindo os 90 que já chegaram.

Do total comprado, 99 ventiladores mecânicos foram adquiridos pelo Hospital Doutor Jayme dos Santos Neves, na Serra – o principal centro de referência do Estado no combate à doença. De acordo com a Sesa, cada equipamento custou uma média de R$ 57 mil, somando um montante superior a R$ 16 milhões.

Além disso, a Secretaria Estadual de Saúde também informou que a expectativa é que o Espírito Santo conte com cerca de 440 novos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para atender exclusivamente os pacientes graves com o novo coronavírus – e que todos devem contar com um respirador cada.

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