Um dia depois do acidente em Domingos Martins, a capitã da Polícia Militar Elizabeth Pereira Bergamin, que pilotava o helicóptero em que estava o governador Paulo Hartung, afirmou que está bem. Na manhã deste sábado (11), a capitã da PM conversou rapidamente com a reportagem do Gazeta Online, mas não deu detalhes sobre o acidente.
"Estou bem. Peço desculpas, mas não posso falar nada sobre o acidente de ontem. Fui orientada a não falar", disse Elizabeth, por telefone.
A reportagem também fez contato com o capitão Vargas, copiloto do helicóptero, que a exemplo da colega, afirmou não poder dar declarações à imprensa sobre o ocorrido na tarde dessa sexta-feira (10).
O ACIDENTE
A aeronave Harpia 05, modelo Helibrás AS-350B2 Esquilo da Polícia Militar, decolou às 16h18 da Residência Oficial da Praia da Costa, em Vila Velha. Embora o compromisso não estivesse na agenda pública do dia, o governador Paulo Hartung seguia para um festival de cinema realizado em Domingos Martins, de acordo com a assessoria de imprensa.
Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública, o acidente ocorreu às 16h45 durante manobra de pouso em uma fazenda do Estado, pertencente ao Incaper e localizada no limite entre os municípios de Domingos Martins e Venda Nova do Imigrante.
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Ao pousar na fazenda do Incaper, a cauda do helicóptero teria atingido uma trave do campo de futebol durante o procedimento de pouso. O governador, a primeira-dama Cristina Gomes e os pilotos, ainda de acordo com a assessoria, não tiveram ferimentos e passam bem.
"Ao se aproximar para pouso e realizar manobra no campo, às 16h45 desta sexta-feira (10), a aeronave se desgovernou, vindo um dos rotores a colidir com o solo. Os pilotos adotaram as providências que o caso requeria, saindo do helicóptero o mais rápido possível, auxiliando os passageiros. Todos os ocupantes conseguiram sair ilesos. O Harpia 05, a princípio, teve perda total", informou a assessoria do Governo do ES.
O helicóptero caiu depois de bater em uma trave móvel que estava posicionada no meio do gramado de um campo de futebol da fazenda. De acordo com testemunhas, a trave móvel é colocada no meio do campo porque o local é usado para a prática de Educação Física de uma escola na região. O local foi utilizado pelas crianças minutos antes do acidente.
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AGILIDADE DE PILOTA EVITOU TRAGÉDIA
As causas do acidente ainda são desconhecidas mas, de acordo com os especialistas, é possível dizer que a rapidez da pilota Elizabeth Pereira Bergamin evitou que o acidente tomasse maiores proporções.
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Francisco Neto, piloto e instrutor de voo há 30 anos, ressaltou que é difícil afirmar com precisão o que aconteceu no local. Ele explica que aeronaves como a Harpia 05 são aptas a operar em qualquer local, mesmo os de difícil acesso, mas que alguns obstáculos podem causar problemas aos pilotos.
Dentro do meio aeronáutico, afirmar qualquer coisa sem ter acesso aos relatórios de perícia é uma sandice. Não dá para saber exatamente o que aconteceu. Obstáculos podem ser de difícil visualização. Com uma autoridade à bordo a responsabilidade é maior, o que aumenta a tensão do piloto, pontuou Francisco.
Ao analisar as imagens do acidente, o piloto afirmou que a reação de Elizabeth, que conduzia a aeronave, foi bastante ágil. Ela fez tudo certinho. Pelo que eu vejo nas fotos ela fez um ótimo trabalho. Pela experiência que tenho, a reação dela foi muito rápida. Do contrário, provavelmente ninguém estaria vivo.
Outros pilotos consultados pela reportagem concordaram com a avaliação de Francisco e afirmaram que para que todos saíssem com vida, a pilota teve uma reação praticamente instantânea.
POSSÍVEIS CAUSAS
De acordo com os especialistas consultados, apesar da dificuldade de esclarecer com precisão as causas do acidente, é possível levantar duas hipóteses. Uma delas é a de que o helicóptero teria batido na trave do campo de futebol, conforme afirma a nota oficial divulgada pela assessoria de imprensa do governo do Estado.
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No caso da batida, Francisco explicou que quando o rotor da cauda da aeronave - que conhecemos como hélice - é danificado, perde-se a estabilidade. Se o helicóptero perde o rotor da cauda por alguma razão, a aeronave tende a girar em torno do seu eixo de maneira descontrolada, explicou.
Nesses casos, de acordo com o piloto, é necessário ser bastante técnico para evitar tragédias. Se o piloto age com rapidez, consegue salvar os ocupantes da aeronave. É necessário fazer uma manobra de autorrotação, diminuir a potência e deixar que a aeronave chegue no chão, disse.
Uma outra hipótese seria um efeito chamado ressonância - que pode acontecer tanto no pouso, quando na decolagem -, quando o deslocamento do ar acontece de forma muito intensa desestabilizando a aeronave. Nesse caso, a aeronave pode ter sofrido um fenômeno conhecido por "Mast Bumping". Isso ocorre com mais frequência em helicópteros com rotor tripá, que possui três pás de hélices, como o Harpia 05.
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Nesse fenômeno, a massa de ar que é empurrada para baixo pelas hélices principais do helicóptero, bate no solo e volta em direção às laterais aeronave de maneira muito intensa. No pouso, quando o piloto se aproxima do solo, ele coloca o rotor muito próximo às massas de ar, fazendo com que o helicóptero comece a vibrar, se tornando instável e entrando em ressonância com solo.
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