Graças às oportunidades que lhe foram dadas e ao empenho em aproveitá-las, quatro estudantes capixabas foram selecionados para visitar uma estação espacial da Nasa, que fica no Estado da Flórida, no Estados Unidos. Além das excelentes notas, eles também têm outra coisa em comum: são todos de famílias de baixa renda e bolsistas de um colégio particular de Vitória.
Filho de pais que puderam concluir apenas o ensino médio, Luiz Felipe Kama Alencar viu a própria vida tomar um rumo inesperado, em apenas 18 meses. Eu morava em Marechal Floriano e sempre estudei em escola pública. Desde o início deste ano, estou em um colégio particular de Vitória; e na sexta-feira passada recebi a notícia da viagem, contou.
A saída da cidade, que fica no interior do Estado, para a capital aconteceu por intermédio do Instituto Ponte, que faz, justamente, a ponte entre alunos com bom desempenho escolar e colégios particulares de referência. A ONG do Espírito Santo atende, por meio de três programas, adolescentes com renda familiar de até 1,5 salário-mínimo por membro.
Surpreso com a seleção, Luiz Felipe achou que teria que abrir mão da visita por causa do custo: aproximadamente R$ 30 mil. Porém, com apenas quatro dias de vaquinha on-line, ele já conseguiu arrecadar cerca de 80% do valor. Eu consulto o site, pelo menos, três vezes ao dia. Sempre que possível, dou uma olhadinha, confessou. Não esperava que conseguiríamos o dinheiro tão rápido.
Com o sonho virando realidade, o adolescente que só via a NASA nos filmes já vislumbra alçar voos ainda mais altos. Atualmente, quero prestar a prova do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica, em São Calos, SP) para engenharia aeroespacial e, quem sabe, depois dessa visita, eu tente passar no MIT (Universidade de Tecnologia de Massachusetts, no EUA).
A felicidade e a empolgação que já dominam os dias dele, e que continuarão presentes por mais dez meses, já que a viagem acontecerá apenas em outubro de 2020, também transbordam na vida de outras três adolescentes, selecionadas para a visita técnica de cinco dias. Na semana passada, A Gazeta contou a história de Allanis Catharina Pimenta Correa.
Moradora da Serra, ela passa praticamente 12h no colégio mas o tempo de estudo vai além. Empenho, claro, que deu resultado. O critério que a escola usa é por nota, principalmente nas matérias de exatas. Só neste ano, eles incluíram história e geografia. É meu primeiro ano por lá e já consegui, comemorou.
A postura dela é bastante semelhante à de Luiza Souza Rubim, que já ganhou duas medalhas de ouro e uma de bronze na Obemep (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) e foi selecionada para o programa pela segunda vez. No ano passado, porém, ela precisou abrir mão da visita por motivos financeiros.
Quando recebi a notícia na sexta-feira passada, fiquei muito feliz. Desta vez, eu, minha família e meus amigos, nos organizamos e fizemos uma vaquinha. Também já conversei com alguns alunos que fizeram a viagem, e eles disseram que lá é enorme e maravilhoso, com foguetes. Tenho muitas expectativas, comentou.
Aos olhos da mãe Ângela Maria Ferreira de Souza, a filha, que foi alfabetizada apenas aos quatro anos de idade, se desenvolveu ainda mais depois de entrar no instituto, que lhe abriu as portas do colégio particular em Vitória. Há uma diferença entre tirar boas notas e estudar. Depois que ela entrou para a ONG e para o colégio, ela criou essa disciplina, disse.
Fechando a lista dos quatro alunos, um exemplo de inteligência e solidariedade. Estudante do 9º ano do ensino fundamental, Heloísa Cavalcanti Oliveira abriu mão da visita deste ano para que todos os esforços fossem concentrados nas arrecadações dos demais colegas. Eu ainda posso ser selecionada no próximo ano, diferente da Allanis e do Luiz Felipe, explicou.
A atitude nobre ainda vem acompanhada de certezas, apesar da chance de não ser selecionada em 2020 existir. Já fui chamada duas vezes e confio muito na minha habilidade de lidar com desafios. Sei que conseguirei ano que vem, não é tão impossível. O clima é de muita alegria e euforia. Estou feliz deles poderem ir.
Só o valor das passagens somam mais de R$ 5 mil, que devem ser pagos já na próxima semana, para garantir a participação. O restante do valor (cerca de R$ 25 mil) poderá ser dividido em dez parcelas no ano que vem. Por enquanto, as vaquinhas de Luiz Felipe e Allanis já arrecadaram mais de R$ 24 mil, enquanto a de Luiza têm aproximadamente R$ 3 mil.
Para ajudá-los, basta acessar os links abaixo e clicar em Contribuir. Em seguida, a página aberta solicitará dados pessoais e disponibilizará as formas de pagamento, entre elas, cartão de crédito e boleto bancário. Basta preencher o formulário e escolher como será feita a contribuição. Para quem preferir, a doação também pode ser anônima.
Além desses três alunos do Instituto Pontes, que estão se mobilizando para conseguir fazer a viagem para a qual foram selecionados, outros 13 estudantes do Colégio Leonardo da Vinci também devem integrar o programa, que faz parte da grade anual da escola. Ao todo, a viagem contará com 16 adolescentes.
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