As causas que levaram um monomotor Piper Cherokee 180 a cair e vitimar duas pessoas, em Guarapari, na tarde desta quarta-feira (19) ainda serão investigadas pelo Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos - Seripa III, ligado à Aeronáutica.
A forma, contudo, com que o avião caiu sobre o galpão de uma loja de materiais de construção, pode ser um indício de que houve algum problema relacionado ao combustível da aeronave. É o que aponta o especialista em aviação Edmundo Ubiratan, que é piloto há mais de dez anos e há quase vinte lida com o setor aéreo.
Ainda sobre essa situação, o especialista reforçou que a presença de água no motor é uma combinação praticamente letal e detalhou como se dá o funcionamento do mesmo no procedimento de decolagem.
"Quando se está taxiando o avião, é consumindo todo o combustível limpo já dentro do sistema. Mas ao acelerar a aeronave, o fluxo e o consumo de combustível são elevados e acaba indo parar no motor esse combustível contaminado justo na decolagem, podendo até pará-lo por completo. Ocorrerá um calço hidráulico que pode inclusive quebrar ou estourar o motor do avião. Pode ter ocorrido isso e é muito provável que seja. Dá para ver que ele entra em baixa velocidade sobre o telhado. O avião praticamente decolou e caiu, apostaria nisso. Não dá para ter 100% de certeza, mas é uma possibilidade bem alta", especificou o piloto.
Essa possibilidade de falha com o combustível, inclusive, teria sido dita pelo próprio piloto Luciano Ferreira de Souza, momentos após a queda. Um funcionário da loja que chegou ao local na sequência do acidente disse ter ouvido esse relato do piloto, que embora muito ferido, ainda conseguiu dizer algumas palavras.
Além do problema relacionado ao combustível, o especialista ainda apontou a chance de uma pane no motor como causa para o acidente, e até mesmo um mal súbito por parte do piloto. Essas possibilidades, contudo, são improváveis.
"Pode ter ocorrido uma pane no motor realmente na decolagem. É incomum, mas pode acontecer. A outra é o piloto passar mal ao levantar voo. Por um azar ele vem a óbito na hora da decolagem. Há casos no mundo da pessoa infartar durante o procedimento para subir ou em uma aproximação, mas isso é muito raro. O provável ali, reforço, foi a ausência da drenagem de combustível, salientou Edmundo.
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