A não duplicação da BR 101 pode trazer graves prejuízos para o desenvolvimento do Estado. A avaliação é feita pelos representantes dos principais setores produtivos capixaba. Estamos diante da impossibilidade de transportar as nossas riquezas porque somos reféns do transporte rodoviário, resume José Lino Sepulcri, presidente da Federação do Comércio (Fecomércio).
Ele não é o único a avaliar que a não conclusão das obras previstas bloqueia investimentos futuros. Empresas deixam de vir para o Estado por não terem como escoar sua produção. Cobramos a execução das obras do aeroporto, dos portos e, quando estiverem prontos, com suas áreas de cargo em funcionamento, cadê a rodovia para escoar?, assinala Liemar Pretti, presidente do Transcares, o sindicato das empresas de transporte de cargas.
É uma situação, pondera Marcos Guerra, presidente da Federação das Indústrias (Findes), que frustra a expectativa da população, das empresas, os investimentos feitos. Não duplicar a rodovia é inviável para o desenvolvimento do Estado. Quem vive no interior não consegue nem mesmo imaginar uma situação como esta, destaca.
Reportagem de A GAZETA, divulgada nesta segunda, traz depoimentos do diretor superintendente da Eco101, Roberto Paulo Hanke, prestado à Comissão de Fiscalização da concessionária, na Câmara dos Deputados.
Ele relatou que as obras de duplicação não vão ficar prontas no prazo do contrato. Hoje, rigorosamente falando, estamos cumprindo o contrato. Mas hoje, todos nós sabemos que daqui a dois anos nós não teremos 50% da extensão, os 235 quilômetros duplicados, pela impossibilidade de execução, disse, alegando dificuldades econômicas decorrentes da crise para cumprir o previsto no contrato.
A previsão contratual era de que os 235 quilômetros, o equivalente a metade da rodovia, estivessem duplicados até 2019. Até o momento nenhum quilômetro foi concluído.
Até quando vamos continuar nesta situação?, questiona o presidente do Transcares. Ele destaca ainda que as dificuldades são mensuradas dentro do contrato. O risco tem que ser mensurado para os momentos bons e ruins. Há quatro anos o Brasil não estava no seu melhor momento. Não dá para dizer que é só a crise. Já são 50 anos com justificativas, pontua, acrescentando que neste momento já deveríamos estar discutindo a triplicação da via.
Júlio Rocha, presidente da Federação da Agricultura (Faes), ressalta que o pedágio vem sendo cobrado regularmente. Não é justo pagar para usar uma coisa que vai ultrapassar em muito a expectativa de realização, assinala.
ECO 101 não é a única culpada por atraso em duplicação, diz Hartung
O governador Paulo Hartung (PMDB) disse nesta segunda-feira que a concessionária ECO 101 não pode ser apontada como a única culpada pelo atraso na duplicação da BR 101 no Espírito Santo. Hartung criticou a demora no licenciamento ambiental das obras. A duplicação não ficará pronta no prazo previsto no contrato, até 2019.
A empresa alega obstáculos para executar o contrato, como dificuldades econômicas e a demora para obter a licença do Ibama. Para Hartung, a burocracia nós órgãos ambientais prejudica o andamento das obras.
"Não tem problema a resposta ser negativa, mas tem que responder. Você pode dizer que não vai licenciar uma obra, que não tem condições de licenciar ou que vai licenciar com tais e tais condicionantes. Usar a burocracia como proteção do meio ambiente não é um bom caminho na minha visão. Tem que dizer o que pode fazer, o que não pode fazer", declara.
Além da falta de agilidade no licenciamento, Hartung cita como pedra no caminho da obra o fato do BNDES não repassar o volume de recursos do BNDES, com taxa de juro subsidiada, prometida no início do contrato.
"A gente não deve olhar com superficialidade nessas coisas. No Brasil, é muito comum querer arranjar uma 'Geni', um culpado, dá pedrada no culpado e depois descobre que não é ele só o culpado ou nem é o culpado. Você vê erros para tudo quanto é lado. O consórcio tem a responsabilidade? Sim, ele tem. E nós temos de cobrar de uma maneira enérgica como o Governo do Estado está fazendo, apoiando a bancada federal. Mas nós temos de saber que não é só o consórcio e que tem aspectos de burocracia e aspectos financeiros", comenta.
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