Os enormes galpões do Instituto Brasileiro do Café (IBC), localizados em Jardim da Penha, em Vitória, serão abertos em uma iniciativa inédita para a comunidade neste sábado (07). No local acontecerá uma feira de artesanato em comemoração ao aniversário do bairro, que completa 50 anos de ocupação no mês de setembro.
O evento nos galpões terá início a partir das 8 horas da manhã, com acesso pela rua Comissário Octávio Queiroz, conhecida como rua da feira. A feira de artesanato foi organizada pelos moradores mais antigos do bairro com coletivo de produtores culturais "Cores que acolhem" em parceria com a Associação de Moradores de Jardim da Penha.
O produtor cultural Stefan Marques, de 31 anos, explica que no evento os visitantes poderão conhecer o trabalho desenvolvido por 14 artesãos que moram no bairro. Além de ser uma oportunidade de conhecer um espaço nunca visitado, é uma oportunidade de estimular a economia criativa e o sentimento de pertencimento.
É uma oportunidade única dos moradores ter acesso a um dos eventos em comemoração aos 50 anos de Jardim da Penha. O IBC é um dos locais com muito movimento pela ruas laterais e nunca foi aberto, disse.
HISTÓRIA DO BAIRRO
A história do bairro Jardim da Penha começa em 1968, com o lançamento da pedra fundamentação para construção de 106 casas de dois andares de alvenaria. E só em setembro do ano seguinte que as unidades foram entregues para os primeiros moradores. Hoje, Jardim da Penha é um dos bairros mais valorizados de Vitória, que concentra muitos serviços e boemia.
Em 1968, a região era uma área plana e verde que continha vegetação de restinga e Mata Atlântica. Era comum encontrar bromélias, cajueiros, goiabeiras, palmeiras e orquídeas por toda a parte. De lá, era possível avistar o Convento da Penha, Vila Velha. Por isso, o local logo começou a ser chamado de Jardim da Penha.
Antes do início das construções, o local já havia sido loteado. Teve início em 1928 com o loteamento para veraneio próximo à praia. Na década de 50, a Empresa Capixaba de Engenharia e Comércio idealizou a área inspirada no traçado da cidade de Belo Horizonte, segundo a Prefeitura de Vitória.
NA MEMÓRIA
A aposentada Sidinéia Firme Rosalém, de 70 anos conhece bem essa história. O apartamento quando me mudei para cá não tinha sido terminado, não tinha água, não tinha luz. Isso aqui ainda estrada de chão, era tudo mato, mas tinha as casinhas. O bairro cresceu muito rápido e a gente nem percebeu, relatou Sidinéia que se mudou para o local no ano de 1973.
A antiga moradora destaca que o espaço do IBC deve ser mais aproveitado para a comunidade. Lamentamos porque é uma espaço no coração de Jardim da Penha. Precisamos de um espaço para cultura, encontro de jovens, ações cívicas, de cidadania, de lazer. É lamentável esse espaços parados.As novas gerações não conhecem o espaço porque não temos acesso a ele, concluiu Sidinéia.
O casal de aposentados Rosania Nogueira, de 82 anos e Geraldo Theodoro de Moraes, de 80 anos, chegou ao bairro também nessa época. Quando eu vim para Jardim da Penha não tinha nada. Fiz uma casa de madeira. Lá criei meus filhos. Já moro aqui há muitos anos. Tive uma salão de beleza, uma fábrica de picolé, relembra Rosania.
OS GALPÕES
Os galpões de 21 mil metros quadrados do IBC estão sob a responsabilidade da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) do Ministério da Agricultura, e são usados atualmente para abastecimento de milho. Em maio do ano passado, a Prefeitura de Vitória queria tornar o espaço um centro cultural, mas a proposta de ceder o local para administração municipal foi vetada pela União.
Ainda de acordo com o Conab, pequenos criadores de aves, suínos, ovinos, caprinos e bovinos são atendidos no local. Além disso, também há o Programa de Vendas em Balcão, que atende cerca de 500 agricultores da Grande Vitória e municípios vizinhos com o fornecimento do grão, e abastecimento de cestas de alimentos com produtos da agricultura familiar para as comunidades indígenas, quilombolas e assentados da reforma agrária, além de atender pessoas atingidas por catástrofes climáticas em parceria com a Defesa Civil. O local é avaliado em cerca de R$ 44 milhões.
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