O piso ainda está empoeirado, as cadeiras da mesa de jantar estão fora do lugar e ainda faltam muitas caixas com pertences a serem abertas, mas o sorriso, esse sim, já voltou ao rosto do casal, o empresário Elieser Machado, de 41 anos, e a pediatra Fernanda Zuccolotto, de 33.
Após mais de três anos longe de casa, eles puderam finalmente retornar nesta quinta-feira (26) ao apartamento que haviam comprado no Condomínio Grand Parc, na Enseada do Suá, em Vitória.
GALERIA: veja como ficou o Grand Parc três anos após o desabamento
Visivelmente feliz por voltar ao lar, Elieser descreveu a sensação de pisar novamente em casa. "Quando compramos o apartamento há uns cinco anos, realizávamos um sonho e ele foi interrompido por causa do incidente. Agora estamos retornando para casa, revendo e remontando nossos móveis, entrar no nosso quatro, deitar na nossa cama. Tivemos toda a assistência e suporte da construtora nesse período, mas é diferente de estar novamente em casa. É como se estivéssemos começando um novo capítulo em nossas vidas", disse.
NOVO INTEGRANTE
A volta do casal ao apartamento no vigésimo sétimo andar tornou-se ainda mais especial. Além de toda a mudança, Elieser e Fernanda tiveram que montar o quarto do novo integrante da casa, o filho Guilherme, de apenas dez meses.
"Hoje para mim é um recomeço. Antes éramos só eu e ele, agora temos nosso filho, temos uma nova rotina. Nossa casa era de um jeito, agora estamos adaptando para ele também. Foi uma mudança para muito melhor", destacou a pediatra.
OS PRIMEIROS
O casal foi um dos primeiros a retornar para o residencial. Dos quase 160 apartamentos do local, eles se organizaram para voltar assim que autorizados.
"Sempre recebemos os relatórios com o andamento das obras que eram executadas. A equipe de engenharia colocava os moradores a par de tudo. Então fomos nos organizando para programar nossa volta. Felizmente podemos realizá-la hoje, mas ainda tem muita coisa a ser feita. Porém só de estar aqui já me sinto realizada. Na época do acidente fomos quase despejados, pois tivemos que sair às pressas", complementou a pediatra.
PERÍODO LONGE DE CASA
Estar fora de casa forçou o casal a se readaptar. Sem o conforto do aconchego do lar, Fernanda e Elieser inicialmente foram acomodados em um hotel e posteriormente se mudaram para um imóvel alugado e custeado pelas empresas responsáveis pelo Grand Parc.
"Nos primeiros 40 dias ficamos no hotel que fica aqui ao lado do condomínio e depois alugamos um apartamento em Vila Velha que atendesse ao que precisávamos. Não foi fácil, mas passamos bem por esse período para agora estar aqui novamente", disse Fernanda. "O que queremos é retomar tudo aquilo que tínhamos, nosso cantinho, nossas coisas, meu sofá, a cozinha. A sensação que tínhamos era de perda e agora estamos de volta", complementou o empresário.
DÚVIDA EM VOLTAR
A grande maioria das pessoas que morava no Grand Parc pretende regressar. Fernanda e Elieser são um deles, mas em um primeiro momento o casal cogitou não voltar por receio em decorrência do desmoronamento da área de lazer do condomínio.
> Apartamentos no Grand Parc são vendidos por até R$ 1 milhão
"Muitas pessoas nos perguntavam se voltaríamos, se teríamos coragem para voltar para cá. Nós tivemos essa dúvida em um primeiro momento, mas fomos tranquilizados pelos peritos contratados pelos moradores e também da incorporadora. Além disso há muitos moradores do Grand Parc que são engenheiros, eles também acompanhavam de perto e também nos respaldavam. Foi uma construção da confiança. Hoje voltamos sem medo algum para nossa casa", salientou Fernanda.
Muitas unidades ainda estão em obra e os próximos dias serão de muita mudança e limpeza. Até o mês de abril deste ano, apenas cinco das 164 famílias afetadas pelo desabamento da área de lazer haviam recusado entrar em acordo, que entre as condições oferecia indenização de R$ 100 mil e o pagamento de aluguel de outro apartamento no período de reforma.
RELEMBRE O ACIDENTE
O desabamento da área de lazer do condomínio Grand Parc Residencial aconteceu às 3h da manhã do dia 19 de julho de 2016 e matou o porteiro Dejair das Neves, 47, que trabalhava no residencial. Outras quatro pessoas ficaram feridas, incluindo o síndico, José Fernando Leite Marques. Os 166 apartamentos das três torres foram interditados.
A obra de reforma começou em 2017 e a previsão, na época, era de que cerca de R$ 130 milhões seriam desembolsados nos próximos anos para pagar as indenizações e a reconstrução do condomínio. Além de reerguer a área que desabou, a reforma incluiu reforço na estrutura nas três torres do condomínio.
Desde o desabamento, os condôminos estão espalhados pela Grande Vitória morando de aluguel custeado por um aporte dado pelas empresas responsáveis pela incorporação e construção. Os prédios passaram por reforma e toda a área desabada foi reconstruída.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta