As terapias eram para melhorar a capacidade motora da jovem Halana Codeco Salarini, mas os benefícios foram muito além. Entre os colchonetes e aparelhos das sessões na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Cariacica, estava o assistente Jeferson Rocha. Cerca de três anos depois desse casual primeiro encontro, já tem até casamento à vista.
Por falta de oxigênio durante as gestações, eles têm dificuldade para falar o que poderia servir de desculpa esfarrapada para muitas pessoas se afastarem deles, mas que, justamente, os uniu. Clinicamente falando, a Halana tem uma leve paralisia cerebral e, por isso, também apresenta limitações nos movimentos dos braços e das pernas.
Aos olhos de Jefinho, como é conhecido, no entanto, ela pareceu perfeita. Quando eu a vi pela primeira vez, fiquei olhando e pensando que menina linda. Comecei a conversar com ela no Facebook e deu tudo certo, lembrou ele, que tem 33 anos e a pediu em namoro no dia 1 de setembro de 2017, cerca de dois meses antes do primeiro beijo.
Nesse primeiro momento, porém, a mãe de Halana não botou fé na paixão dos dois. Eu ficava com medo. Na época, ela era mais nova e nunca tinha namorado. Eu não conseguia levar a sério, achava que era coisa passageira, uma brincadeira; e deixei ele frequentar aqui em casa como uma companhia, contou a autônoma Marleia Codeco Salarini.
O amor, garante a mãe, fez com que a filha se tornasse muito mais alegre. Ela sempre me dizia que ia encontrar alguém e casar, mas eu ficava preocupada, porque ela nunca teve um círculo muito forte de amigos. Ela era uma menina um pouco triste até por isso, por se ver muito sozinha. Mas depois do Jefinho, ela é outra pessoa, comentou, feliz por tabela.
Apesar de estar do outro lado da história, a mãe do rapaz tem sentimento parecido. Ele já tinha sido aluno e voluntário na Apae. Há seis anos, ele está como assistente de fisioterapia, com carteira assinada e tudo. A vida dele é aquele lugar e foi lá que ele a conheceu. Ficamos felizes de ver que eles estão bem e amando, disse a dona de casa Eliana Rocha do Nascimento.
Alguém falou em casamento? Pois é. A união das escovas de dente está nos planos de um futuro próximo do casal. Ele me pediu em noivado no dia 12 de outubro do ano passado. Fizemos um almoço na minha casa, com as duas famílias. Ele ajoelhou e tudo. Foi lindo! Agora queremos casar e, quem sabe, um dia ter nosso filho, contou a jovem Halana, de 26 anos.
E foi justamente com uma reportagem da TV Gazeta sobre o noivado, que o produtor de eventos Vanderlei Oliveira se sensibilizou e resolveu presentear o casal com um ensaio fotográfico (parte dele reproduzido nesta matéria). Eu estava em casa, assistindo à televisão. Na mesma hora, liguei para a Apae e pedi o contato deles, relembrou.
A ideia, segundo ele, era entregar as fotos em formato digital, em um pendrive, por exemplo. No entanto, a gentileza cresceu de tamanho. Quando os conheci, quando vi os olhares e o carinho, vi que ali havia uma coisa chamada amor verdadeiro. Então, eu resolvi presenteá-los com um álbum e me comprometi a fazer a cobertura do casamento, adiantou Vanderlei.
Por enquanto, o casório não tem data para acontecer e ainda depende de questões financeiras e pessoais de ambas as famílias. O desejo, no entanto, elas garantem que é forte. Até lá, desejamos que os dois continuem felizes e assistindo a filmes abraçados no sofá uma das coisas que eles mais gostam de fazer quando estão juntos.
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