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Hilário e Valcir tentaram intimidar executor de Milena, diz advogado

Hilário e Valcir tentaram intimidar executor de Milena, diz advogado

Réus teriam sugerido troca de advogado de Dionathas Alves Vieira em troca de ajuda para a família dele

Publicado em 17 de janeiro de 2018 às 04:09

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Hilário Frasson e Valcir da Silva Dias são acusados do assassinato de Milena Gottardi. (Reprodução)

A defesa de Dionathas Alves Vieira, acusado de atirar na médica Milena Gottardi, e de Bruno Rodrigues Broetto, que teria roubado a moto utilizada por Dionathas no dia do crime, afirmou, no fim da noite desta terça-feira (16), que um dos mandantes do crime, o policial civil Hilário Frasson, e um dos intermediários, Valcir da Silva Dias, tentaram intimidar Dionathas no intervalo da primeira audiência sobre o caso.

O advogado Leonardo da Rocha Souza representa Dionathas e Bruno. Segundo ele, a tentativa de intimidação ocorreu no local onde ficaram os presos no Fórum de Vitória. Dionathas e Bruno ficaram separados dos outro quatro réus apenas por uma parede.

“Eles (Hilário e Valcir) disseram que iriam pagar advogado para fazer a defesa de Dionathas e Bruno. No entanto, Dionathas deveria tirar a acusação das pessoas apontadas por ele em depoimento e, em decorrência disso, iriam ajudar a família de Dionathas. Disse ainda que assim que saíssem da prisão, tudo iria melhorar”, relatou o advogado.

Segundo Souza, esse diálogo foi registrado por um agente da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) que informou que o acusado de ser executor de Milena foi ameaçado pelos demais acusados. No entanto, Dionathas disse ao advogado que a intimidação partiu de Hilário e Valcir.

“Bruno e Dionathas me contaram (o ocorrido) e tudo foi constado em ata. O juiz da 1° Vara Criminal da Marcos Pereira Sanches determinou o efetivo isolamento deles a partir de amanhã (quarta-feira) nas audiências e também haverá a abertura de inquérito policial”, finalizou o advogado.

PRIMEIRO DIA DE AUDIÊNCIAS

As audiências do primeiro dia do processo de julgamento do assassinato da médica Milena Gottardi terminou depois de 14 horas e meia de duração. A médica foi baleada na saída do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), em 14 de setembro do ano passado, na Capital, e morreu no dia seguinte. O ex-marido de Milena, Hilário Frasson, e o sogro, Esperidião Frasson, são acusados de serem os mandantes do crime. No total, nove testemunhas de acusação intimadas pelo Ministério Público foram ouvidas nesta terça-feira (16).

O depoimento da mãe de Milena, Zilca Maria Gottardi, precisou ser interrompido três vezes porque ela chorava muito no momento da declaração na noite desta terça-feira (16). Muito abalada com a situação, Zilca já tinha pedido que os réus não estivessem presentes no momento em que fosse ouvida pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Vitória, Marcos Pereira Sanches. Pedido que foi acatado e todos os réus seguiram para o presídio por volta das 18h40.

Mãe de Milena Gottardi amparada por familiares ao saber da morte da filha. (Guilherme Ferrari | Arquivo | GZ)

O irmão de Milena, Douglas Gottardi, a prima, Shintia Gottardi, e a amiga, Marcelle Gomes, que são testemunhas nesta terça-feira (16) também pediram para prestar depoimento sem a presença dos acusados. A advogada de Milena, Ana Paula Protzner, que foi a primeira a ser ouvida durante a manhã, também prestou depoimento sem os réus.

A previsão era de que o delegado responsável pelo caso, Janderson Lube, fosse a primeira pessoa a ser ouvida nesta terça-feira (16). No entanto, como a advogada de Milena, Ana Paula Protzner, pediu que os réus não estivessem presente no momento do depoimento dela, ela quem deu início ao julgamento.

Depois de Ana Paula, o delegado Janderson Lube foi ouvido por três horas. Devido ao longo tempo ocupado pelo depoimento do policial, as outras três pessoas que seriam ouvidas durante a manhã tiveram que passar para a parte da tarde.

No momento do intervalo para o almoço, familiares de Milena estavam com faixas e cartazes pedindo justiça na frente do Fórum. Também durante o intervalo, a defesa de Dionathas Alves Vieira — acusado de atirar contra a médica Milena — e de Bruno Rodrigues Broetto — acusado de ter roubado a moto utilizada por Dionathas no dia do crime — conversou com a imprensa e se mostrou otimista neste primeiro dia de audiências do processo.

Familiares de Milena pediram por justiça na frente do Fórum Criminal de Vitória onde ocorreram as audiências. ( Bernardo Coutinho )

"O depoimento do delegado (Janderson Lube) foi esclarecedor. Não há uma testemunha que indique que o Bruno sabia do crime, não há uma interceptação telefônica. Essa ausência de provas contra ele foi determinante", afirma o advogado Leonardo da Rocha de Souza, que representa Bruno e Dionathas.

Dionathas confessou ter atirado em Milena quando ela saía do plantão no Hucam, em Vitória, em setembro do ano passado. Ele afirma que cobrou R$ 2 mil pelo serviço e que dividiu o dinheiro com Bruno. O trabalho de Bruno teria sido roubar uma moto, que foi utilizada por Dionathas no crime. Segundo o advogado, Bruno não sabia que a moto roubada seria utilizada no assassinato da médica.

Leonardo diz que Dionathas colabora desde o início com as investigações. "Foi ele que indicou onde Bruno estava, ele que mostrou aonde estava a moto usada no crime, foi a partir dele que chegaram aos demais acusados. Se isso não for colaboração, eu não sei que é", ressaltou o advogado.

"Para a defesa esses depoimentos foram muito bons", finalizou.

PARTE DA TARDE

O julgamento foi retomado por volta de 15 horas e o policial civil Igor de Oliveira prestou depoimento. Em seguida, a testemunha que começou a ser ouvida por volta de 16 horas foi a amiga de Hilário, Edineia Alvarenga. Os dois trabalharam juntos na Polícia Civil.

Por volta de 17h20, a médica Maria Isabel começou a ser ouvida. A testemunha acompanhava Milena na saída do plantão na noite do crime. Já na parte da noite, às 18h50, a amiga de Milena, Marcelle Gomes, começou a ser ouvida. Depois dela, às 19h20, a mãe de Milena, Zilca Maria Gottardi, deu início ao depoimento. O irmão de Milena, Douglas Gottardi começou a ser ouvido as 21 horas. Depois dele, a prima de Milena, Shintia Gottardi foi ouvida. A família saiu do Fórum sem falar com a imprensa.

RÉUS PRESENTES

O Tribunal de Justiça informou que os réus são conduzidos ao local, mas não sabe se estarão presentes em todos os depoimentos. O TJES informou ainda que a segurança dos réus presos é de responsabilidade da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus).

Dionathas Alves Vieira, acusado de ser o executor dos disparos, por decisão judicial, será conduzido e ficará separado dos outros cinco réus no processo. Segundo o advogado de defesa de Dionathas, Leonardo Rocha, foi uma solicitação da defesa e acolhida pelo juiz que preserva a integridade física e moral do réu.

“É de extrema importância não só pela preservação da sua vida mas também para o próprio processo tendo em vista ser o seu depoimento determinante para o esclarecimento dos fatos e indicação dos demais coautores e partícipes do crime”, informou.

> Veja quem é quem no caso do assassinato da médica Milena Gottardi

A continuidade das audiências com as testemunhas de acusação acontece nesta quarta-feira (17), quando serão ouvidas mais oito testemunhas.

O restante das audiências serão realizadas nos dias 30 e 31 de janeiro. No primeiro dia, serão chamadas as pessoas apontadas pelas defesas dos denunciados como mandantes do assassinato da médica: Hilário Frasson e o pai dele, Esperidião Frasson.

Na lista de testemunhas convocadas pelo advogado de defesa Hilário, Homero Mafra, foram intimadas 13 pessoas, entre elas um desembargador aposentado, dois assessores de desembargador, o chefe da Polícia Civil do Espírito Santo, Guilherme Daré, e um padre da Igreja Católica, José Pedro Luchi.

Já no dia 31 de janeiro, devem comparecer as testemunhas apontadas pela defesa de Hermenegildo Palauro Filho, conhecido como Judinho, e Valcir da Silva Dias, ambos acusados de serem intermediários do crime. As audiências para ouvir as testemunhas de defesa de Dionathas e Bruno Rodrigues Broetto, acusado de ter roubado a moto do crime, ainda não foram marcadas.

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Durante as audiências de instrução do processo, são ouvidas testemunhas, ocorre o interrogatório do réu e, se for o caso, são apresentadas as alegações finais. Após essas audiências, o juiz vai analisar e pode ou não decidir se pronuncia ou não o acusado, ou seja, se ele vai ou não a júri popular. Quando o juiz decide pela pronúncia, ele não está decidindo se o réu é ou não culpado, mas se há indícios de autoria do crime.

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