As taxas de homicídios de jovens, entre 15 e 29 anos, e de negros continuam sendo as mais altas registradas no Estado. Segundo o Atlas da Violência, divulgado ontem, enquanto a taxa geral de homicídios no Estado beirou os 38 por 100 mil habitantes, entre jovens de 15 a 29 anos, a taxa é de 86 por 100 mil. No Brasil, o número é menor, 69,9.
Quando considerados apenas os homens entre 15 e 29 anos, o dado é ainda maior, chegando a 157 por 100 mil habitantes.
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Esse é o público que, no Espírito Santo, comprovadamente é quem mata e quem morre, afirma o secretário de Segurança, Roberto Sá.
Segundo ele, tanto dentre os homicidas detidos quanto entre as vítimas desses assassinos o perfil de idade e de gênero é o mesmo.
O Atlas da Violência, publicado ontem pelo Ipea, chama esse fenômeno de juventude perdida. Isso porque, em todo o Brasil, o assassinato é a causa de mais da metade das mortes entre jovens de 15 a 19 anos, 49,4% para pessoas de 20 a 24; e de 38,6% das mortes de jovens de 25 a 29 anos. Esse quadro faz dos homicídios a principal causa de mortes entre os jovens brasileiros em 2017, ano de referência do estudo.
Para Roberto Sá, é preciso que essa população não seja alvo apenas de ações policiais mas também de proteção social. O Estado se preocupa com essa faixa etária. O governo vai buscar estabelecer políticas públicas inclusivas para essa faixa, buscar parcerias. Toda oportunidade de inclusão social será viabilizada, seja esportiva, cultural, social, diz.
Segundo ele, essa é uma tentativa de quebrar o ciclo e dar alternativas aos jovens, principalmente em periferias. São tentativas de concorrer com o crime. Nós precisamos criar oportunidade para que eles tenham atividade que se sobreponha à sedução do crime, afirma.
NEGROS
Entre os negros, a taxa de homicídios também é maior que da população em geral: 50,2 mortes por 100 mil habitantes em 2017, segundo o Atlas. O número é quase cinco vezes maior em relação ao grupo de pessoas não negras: 11,7 homicídios por 100 mil habitantes.
Entre mulheres, também há um fator racial importante. A taxa de homicídio de mulheres é de 7,5 por 100 mil habitantes. No entanto, entre as negras ela chega a 9,5, enquanto entre não negras, não passa de 3,1 por 100 mil habitantes.
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FEMINICÍDIO: AUMENTO DE 38% NO ESTADO
Enquanto o número de homicídios da população geral vem caindo no Estado depois da greve da Polícia Militar, em 2017, o número de feminicídios segue uma tendência inversa. Nos primeiros cinco meses de 2019 ocorreram 18 casos de feminicídios, segundo a Sesp. Em 2018, foram 13 no mesmo período uma alta de 38,4% nos registros de mulheres assassinadas por seus maridos, companheiros ou ex-namorados.
Os feminicídios representam 45% do total de homicídios dolosos (intencionais) de mulheres no Espírito Santo em 2019. Neste ano, ocorreram 40 mortes violentas de pessoas do sexo feminino. Em 2018, foram 41. Esses dados foram antecipados pela coluna Leonel Ximenes na segunda-feira.
Para o secretário de Segurança Pública do Estado, Roberto Sá, sobre essa questão o Estado vem fazendo o que está ao seu alcance. Estamos identificando o que há de moderno para que possamos estar sempre prontos par atender essas vítimas.
Entre as ações já existentes, o secretário citou a Patrulha Maria da Penha da PM, e o projeto Homem que é Homem, da Polícia Civil. Ele reiterou a importância de as vítimas denunciarem os agressores desde os primeiros sinais de violência.
BRASIL: MAIS RELATOS DE MORTE DE LGBTI
O Atlas da Violência apresentou pela primeira vez dados de violência contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexo (LGBTI). Os números são de denúncias no Disque 100 do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e de registros do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde, de 2011 a 2017.
No país, em 2017, foram registradas 193 denúncias de homicídios contra pessoas LGBTI, um aumento de 127% em comparação com 2016, quando foram 85. Cresceram também as denúncias de lesão corporal, de 275 em 2016 para 423 registros no ano seguinte.
No Espírito Santo, os números são mínimos, mas há crescimento. De 2011 a 2017, consta uma denúncia de homicídio em 2016 e quatro em 2017. Já as denúncias de lesão corporal têm seu pico em 2012 com 18. Em 2017, foram sete.
Mas especialistas apontam que esses dados estão subnotificados. Segundo o conselheiro de Estado para Promoção da Cidadania e dos Direitos Humanos LGBT, Aubrey Effgen, o Disque 100, por exemplo, depende de divulgação e por isso muitos casos sequer são registrados. Deveria haver um procedimento mais automático para que o preconceito não influenciasse na subnotificação, defende.
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