Pagamento de armas de fogo, coação de testemunhas em processos criminais, compra e venda de entorpecentes, e até simulação de casamento entre mulheres e presos. Essas eram algumas das ordens enviadas por lideranças do tráfico, detidas no sistema prisional capixaba, para seus comparsas fora dos presídios.
Elas eram enviadas por intermédio de bilhetes para os comparsas que estavam fora da prisão para a execução de diversas tarefas criminosas. Segundo apontam as investigações, eram entregues por advogadas, que se encarregavam de fazer o serviço de "pombo-correio".
As mensagens foram encontradas durante as investigações da fase 1 da Operação Ponto Cego, realizada na manhã desta terça-feira (20), pelo Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas (Nuroc). Foi com base nessas apurações que foram autorizadas as prisões das advogadas Luezes Makerlle da Silva Rocha e Gabriela Ramos Acker.
* Os rostos na galeria acima foram ocultados a pedidos dos próprios policiais
Bilhetes foram encontrados na casa delas, que são suspeitas de coletar e transmitir as mensagens durante o atendimento jurídico por elas prestados a seus clientes no interior do sistema penal. Eram as próprias advogadas que escreviam as mensagens. Prova disso é que um exame grafotécnico apontou que as cartas haviam sido escritas por elas.
Mandados de prisão
Além das duas advogadas foram expedidos mandados de prisão para outras sete pessoas. Um deles era egresso dos sistema penal, ou seja, já havia deixado o presídio, e hoje retornou. Há informações de que com ele foram encontrados armas, drogas e dinheiro. Mais seis alvos da operação já são detentos. São eles:
- Gustavo Henrique Cosmo
- Leonardo Furtado dos Santos
- Marcelo José Furtado
- Alex Santos Silva
- Ismael Martins Falcão
- Ronildo Damásio Rosa
- Flavio Sampaio
- Jhony da Silva
Na manhã de hoje também foram cumpridos outros três mandados de busca e apreensão. Os três detidos - as advogadas e o egresso do sistema penal - foram levados após a operação para a sede do Nuroc, na Enseada do Suá. O caso está sendo acompanhado pela comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES).
O advogado Ailton Ribeiro da Silva, que faz a defesa de Luezes, informou que ela já foi enviada para o Presídio Feminino de Cariacica. Adiantou que ainda não teve acesso ao processo, mas que vai solicitar a soltura dela. "Ela tem profissão definida, uma filha menor. É a única que sustenta casa, tem residência fixa", relatou.
Ailton disse ainda que, em conversa com a sua cliente, foi informado que ela escreveu apenas uma carta para um de seus clientes que se encontra detido no Sistema Prisional de Viana, e que esta carta foi apreendida pela polícia. "Tem uma única carta da Luezes, dela falando para a família do detento o que ele pediu. Nesse contexto, não tem absolutamente nada criminoso, é o que eu ouvi da Luezes", justificou.
A reportagem tenta contato com os advogados de defesa dos demais detidos.
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