Após o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro na noite desta terça-feira (24), contrariando as orientações de organizações internacionais e do próprio Ministério da Saúde, autoridades de todo o Brasil se manifestaram contra a fala. Aqui no ES, além do governador Renato Casagrande, o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, também foi taxativo em relação às palavras de Bolsonaro em rede nacional.
"O pronunciamento foi desproporcional e irresponsável no momento de crise que o país vive. O país precisa de uma liderança coerente, cientificamente orientada, que tenha capacidade de tomar as decisões mais lúcidas e orientar o cuidado tanto dos trabalhadores, da economia, da política e das instituições e, principalmente, do povo", disse, em entrevista ao Bom Dia Espírito Santo, da TV Gazeta.
O chefe da Secretaria da Saúde estadual reforçou a necessidade das medidas tomadas por governadores em todo o Brasil, utilizando como exemplo o cancelamento de grandes eventos mundiais, como as Olimpíadas de Tóquio 2020.
"Ontem (terça) tivemos a coerência e apoio de atletas olímpicos sobre a decisão de adiar as Olimpíadas. Entendemos que, de fato, as medidas que foram tomadas pelo conjunto de governadores no Brasil vai ter uma repercussão muito grande na redução do total de casos previstos para as próximas semanas", explicou.
Além disso, Nésio afirmou que as medidas estão sendo tomadas em conjunto não só no Brasil, mas em todo o mundo, e que essas ações de proteção seguirão sendo aplicadas no Espírito Santo.
"São medidas serias, cientificamente orientadas. Líderes mundiais responsáveis pelo mundo inteiro têm tomado com seus povos e nós, aqui no Espírito Santo, seguiremos tomando as medidas necessárias para proteger nosso povo", destacou.
Após o pronunciamento, o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde divulgou uma carta afirmando estar "estarrecido" com as palavras do presidente Jair Bolsonaro. No documento, o conselho afirma que é preciso demonstrar ao Brasil a necessidade de que a população perceba a gravidade da situação.
Os secretários também afirmam que "todas as decisões e recomendações têm se baseado em evidências científicas, na realidade nacional e internacional e buscando inspirações nas melhores práticas e exemplos de condutas exitosas ao redor do mundo".
Por fim, dizem que a fala do presidente dificulta o trabalho de todos, inclusive do ministro da Saúde e de técnicos envolvidos. Veja a carta na íntegra abaixo:
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