Na semana em que completam 20 anos que a estudante Isabela Negri Cassani, 15 anos, foi estuprada e morta, a família da menina procurou a delegacia em um último momento de esperança em conhecer quem cometeu o crime. A busca foi em vão. Os parentes foram comunicados pelo delegado José Lopes, chefe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que a polícia não havia conseguido chegar ao assassino.
Os parentes da adolescente procuraram a delegacia após as primeiras reportagens de A Gazeta, segundo informou o delegado José Lopes durante entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (24).
O chefe da Polícia Civil, delegado José Darcy Arruda, reafirmou que não há dúvidas de que esforços não foram medidos nas investigações da morte de Isabela Cassani.
"O que tinha que ser feito na época, foi feito. Hoje temos expertise do laboratório, quebra de dados, rastreamento de celulares, uma gama de recursos, além da experiência policial. Não havia delegacia específica também", afirmou José Darcy Arruda. Ele, o delegado José Lopes e o perito da Polícia Civil Fabrício Pelição participaram da entrevista coletiva realizada para falar sobre o arquivamento do caso que chocou o Espírito Santo em 1999.
No Laboratório de Perícia Forense da Polícia Civil, doze amostras foram analisadas após a criação do laboratório. Antes disso, os exames de DNA eram realizados em laboratórios particulares e pagos pelo governo estadual. Ao total, foram 58 exames de DNA, sendo dois deles do mesmo homem e outro de comprovação da identificação de Isabela.
"As provas técnicas de hoje são muito mais evoluídas do que em 1999, mas o nosso laboratório de genética forense foi criado apenas em 2006. Na época, foi coletado material genético no cadáver da vítima e de um agressor de perfil masculino e, a partir desse perfil, foram feitas as comparações", complementou o chefe do Departamento de Laboratório Forense da Polícia Civil, Fabrício Pelição.
Durante essas duas décadas, cinco pessoas chegaram a ser presas, mas todos os DNAs deram negativos. "Foi pedido DNA à pessoas que poderiam ter tido contato com ela, que afirmaram que tiveram contato ou quem poderiam ter tido contato no dia do crime. Também foram solicitados exames a pessoas que já haviam sido detidas por crime semelhante na região onde Isabela desapareceu", pontuou o delegado José Lopes.
Até um corpo chegou a ser exumado, com autorização da Justiça, para a coleta de material e comparação com o DNA da amostra encontrada em Isabela. Um dos delegados da época solicitou a exumação, pois havia a possibilidade de ser um suspeito.
No mesmo ano do crime também foi pedida a prisão da americana Leann Colly, de 25 anos, amiga missionária de Isabela. Era no apartamento de Leann, no Centro de Vitória, que a estudante passaria a noite naquele dia em que sumiu. "Não consta nos autos que ela saiu do país. Pelo que vi no inquérito, o delegado que presidia o inquérito na época viu que ela mudou de endereço e não comunicou, por isso pediu a prisão. A missionária já havia prestado dois depoimentos e, com um advogado, entrou com habeas corpus preventivo para evitar o cumprimento do mandado", explicou José Lopes, chefe do DHPP.
Entre as tantas linhas de investigação dentro do mesmo inquérito e uma ordem de DNAs aleatória, o caso deve ser encaminhado para o Ministério Público na próxima segunda-feira (28). "Foram 11 delegados, 11 escrivães e 80 policiais que passaram por esse inquérito. Tentamos de todas as maneiras, mas infelizmente não foi possível chegar ao autor", completou, desanimado, José Lopes.
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