Trinta minutos depois de perder o cartão de crédito, dentro de um ônibus, uma jovem de 27 anos foi surpreendida com uma compra inusitada e um prejuízo de R$ 400. Quem encontrou o cartão dela usou os dados para abrir uma nova conta no aplicativo Ifood e fez um verdadeiro banquete.
A jovem disse que o mesmo cartão já estava cadastrado no celular dela, por isso ficou assustada. "Achei o sistema do aplicativo muito fraco. Qualquer pessoa pode fazer uma conta usando meus dados. Compras em sites, por exemplo, pedem o número de CPF pelo menos. A pessoa aproveitou para usar porque sabia que seria fácil", conta.
Situação semelhante foi vivenciada por um jornalista, de 34 anos, na última quinta-feira (09). "Eu estava trabalhando quando recebi um torpedo da operadora do meu cartão de crédito, informando duas tentativas de compras não autorizadas, em um intervalo de um minuto. Liguei para o banco e descobri que as tentativas de compras foram feitas a partir do aplicativo Ifood. Eu pedi o bloqueio do cartão porque acredito que ele foi clonado", explicou.
Casos assim são cada vez comuns, segundo o delegado Breno Andrade, titular da Delegacia de Crimes Cibernéticos. "Não temos números específicos, pois são registrados de diversas formas, como estelionato, furto mediante fraude ou até falsidade ideológica. Porém, percebemos que com a evolução digital, tem se tornado mais comum o uso de dados em aplicativos por criminosos", afirmou o delegado.
No caso de um celular roubado, uma ajuda é usar sempre senhas para evitar que os aplicativos sejam usados. Porém, quando se trata de uso criminoso de dados do cartão de crédito, a situação é mais complicada.
"Não somente quando se perde um cartão de crédito, mas também quando fornecemos dados em sites de compras ou para receber promoções, o uso indevido dos dados pode acontecer. Não existem sites e aplicativos 100% seguros", ressaltou o delegado.
Andrade diz que não há muito o que fazer para se proteger. "Eu mesmo rasuro o número do código de segurança do cartão de crédito. No caso de perda do cartão, deve ser bloqueado imediatamente junto ao banco e a operação pode ser contestada se já tiver sido usado. A orientação é sempre registrar na delegacia, pois os dados podem ser usados até em crimes mais graves, não só para compras em aplicativos", destaca.
A reportagem de A Gazeta tentou entrar em contato com a assessoria do Ifood, mas não conseguiu encontrar nenhum telefone válido. Pelo canal "Fale Conosco", disponibilizado no site do aplicativo, também não foi possível localizar o setor de comunicação. Assim que conseguir um retorno da empresa, a reportagem será atualizada.
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