Quatro famílias aguardam a liberação do Ministério Público Estadual para fazer o exame de DNA e descobrir se Clarinha, a mulher que está internada há 18 anos sem identificação no Hospital da Polícia Militar (HPM) pertence a alguma delas. A informação é do médico que cuida da paciente por quase 18 anos, o coronel Jorge Potratz.
De acordo com ele, uma família é do interior do Paraná, outra do Maranhão, outra de São Paulo e uma de Linhares, na região Norte do Espírito Santo.
Na época em que o caso de Clarinha, como é carinhosamente chamada pela equipe que trabalha no HPM, ganhou repercussão após uma reportagem do Fantástico, um jornalista do Paraná procurou o coronel Potratz para informar que conhecia uma família que poderia ser a da paciente.
Ele conseguiu o contato, me deu o telefone e eu consegui falar com a possível irmã da Clarinha. Ela disse que ia comprar um celular com WhatsApp para mantermos contato e isso demorou meses. Mas agora ela me procura quase todo dia.
Com a ajuda da assistência social da cidade onde mora, essa família do Paraná, segundo Potratz, conseguiu que um carro trouxesse os possíveis irmã, pai e filho de Clarinha até Vitória. A viagem seria para a realização do exame de DNA. No entanto, na ocasião, o coronel entrou em contato com o Ministério Público, que informou ao médico que não havia laboratório credenciado para realizar o teste.
Sobre a família do Maranhão, Potratz explicou que um senhor o procurou informando que a esposa dele é uma possível irmã da paciente. A Clarinha teria dois filhos que foram viver com um avô em São Luís do Maranhão. Porém, o avô não tem muito interesse em resolver essa história. O sumiço da mãe deixou um clima esquisito na família.
Apesar de não demonstrarem tanto interesse em realizar o exame de DNA, o coronel Potratz explicou que o Ministério Público do Espírito Santo ficou de ver com o Ministério Público do Maranhão a possibilidade do teste ser feito a partir de uma decisão judicial.
OUTRAS
Uma família de São Paulo procurou o coronel Potratz no ano passado. No entanto, o médico disse que tem pouco contato com eles. Potratz orientou que os familiares procurassem o Ministério Público para dar encaminhamento ao caso. Ele também ficou sabendo de uma família de Linhares que estava disposta a fazer o teste de DNA, mas o médico não soube informar em que ponto está a situação. Procurado, o Ministério Público do Espírito Santo informou que acompanha o caso, mas não respondeu se as famílias já fizeram o teste de DNA.
ESPERANÇA
Depois de tantos anos, o coronel Potratz disse que tem muita expectativa da família do Paraná ser a biológica de Clarinha. Os possíveis filho e pai estavam muito dispostos a virem até aqui. Segundo a irmã, Clarinha saiu em busca de trabalho e nunca mais deu notícias.
Clarinha foi atropelada no 12 de junho de 2000, no Centro de Vitória. Ela não tinha nenhuma identificação quando foi socorrida. A paciente permanece sob os cuidados dos profissionais do HPM e ainda recebe as visitas do coronel Potratz.
NÃO HÁ NECESSIDADE DE INTERNAÇÃO
Potratz disse que, apesar de estar em coma, Clarinha não tem necessidade de ficar internada. Ela permanece no HPM, pois não tem para onde ir. Segundo ele, a paciente poderia estar em uma casa ou em uma instituição de caridade.
Ela toma um comprimido anticonvulsivante porque teve uma sequela do acidente. Já tentei tirar o remédio, mas aí ela fez convulsão, então nuncamais deixei faltar.
A alimentação de Clarinha é feita por uma sonda. Além disso, ela faz uso de fraldas e produtos de higiene pessoal como shampoo, sabonete e hidratante.
MINIENTREVISTA
Tenho um carinho por ter cuidado dela - Jorge Potratz, médico aposentado do HPM
O coronel Jorge Potratz cuidou de Clarinha desde quando ela deu entrada no Hospital da Polícia Militar (HPM), em 2000. Mesmo aposentado, toda semana o médico dedica um tempo para encontrar a paciente.
Você acredita que uma dessas famílias pode ser a biológica de Clarinha?
Eu tenho muita expectativa na família do Paraná. Mandei fotos e vídeos da Clarinha e a irmã acha mesmo que a Clarinha é a irmã dela. Eles não tem foto dela antes do sumiço, eles são muito humildes e estão muito dispostos a vir aqui.
Clarinha toma algum medicamento?
Ela toma um remédio anti-convulsivante. Durante esses anos ela ficou com uma sequela. Eu tentava tirar esse remédio, mas ela fazia convulsão. Então nunca mais deixei faltar. É apenas um comprimido por dia.
Mesmo aposentado o senhor a visita?
Eu vou lá de duas a três vezes na semana para acompanhá-la. Tem semanas que vou mais, tem semanas que vou menos. Mas sei que ela está recebendo todos os cuidados da equipe médica que ficou no hospital.
O senhor se apegou a ela?
Eu tenho um carinho muito grande por ter cuidado dela por 18 anos. Tenho uma grande expectativa que vamos encontrar a família de Clarinha.
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