Uma das lideranças da organização criminosa que atua no Bairro da Penha, Giovani Otacílio de Souza, o Paraíba, será julgado na manhã desta terça-feira (10) como mandante de um homicídio ocorrido em maio de 2014. Ele acabou sendo preso em uma operação policial três anos após o crime. Com ele foi encontrado além de drogas, munição e armas, incluindo uma pistola banhada a ouro.
Sentam no banco dos réus, junto com ele, outros três membros do tráfico na região também acusados pelo mesmo crime: Felipe dos Santos Pimenta, o Babidi; André do Carmo Boa, conhecido como Véi; e Endrick Braga Neto, o Vovozona ou Gordão. Todos já estão presos.
Nos relatos constantes em alguns processos, Paraíba, que chegou a figurar na lista dos mais bandidos procurados, é apontado como uma das lideranças do Primeiro Comando de Vitória (PCV). Além do crime pelo qual será julgado nesta terça-feira (10), ele responde a pelo menos outros três processos em que também é acusado de homicídio. Os outros três acusados também fariam parte da mesma organização criminosa.
MORTE NO BAR
O crime de 2014 aconteceu no dia 11 de maio, no interior de um bar localizado no Bairro Bonfim, em Vitória. Bruno Carlos Monteiro Barbosa foi morto com vários tiros. Segundo a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), os disparos foram feitos por Endrick e um menor de idade. Os dois seriam integrantes de outra organização criminosa, o Trem Bala, o braço armado do PCV.
A mesma denúncia relata que no dia do crime, Bruno passou de moto pela rua da casa de André - apontado como gerente do tráfico do Trem Bala -, que ficou preocupado com a situação. Desconfiado, André foi até a boca de fumo e informou que Bruno poderia estar passando informações para o irmão, Andrezinho, que era dono de duas bocas de fumo, uma em Serra dourada e outra em Aracruz. "O réu André cobrou providências em relação a Bruno e disse que o mesmo não passaria daquele dia", diz o texto da denúncia.
Coube a Felipe, membro da mesma organização criminosa, localizar a vítima Bruno. Com as informações, eles consultaram Giovani, que à época chefiava o tráfico na região, sobre a possibilidade de matarem Bruno. "O que foi autorizado por Giovani, que tinha interesse em tomar a boca de fumo de Andrezinho (irmão da vítima) em Serra dourada", relata o texto da denúncia. O crime acabou sendo executado pelo menor de idade e por Endrick.
Por estes motivos, eles foram acusados de homicídio por motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima. Foram ainda incluídos na lei das organizações criminosas e no Estatuto da Criança e do Adolescente, por terem envolvido nos crimes um adolescente, o que pode resultar em aumento de suas penas.
No processo há informações de que testemunhas teriam sido ameaçadas. Uma delas, segundo relato presente na decisão de pronúncia, integrava grupo de tráfico de drogas de Serra Dourada e Aracruz. Disse ainda em relação ao assassinato de Bruno que "os atiradores seriam Giovani e Endrick".
No mesmo depoimento esta testemunha informou ainda: "Sobre o acusado Felipe, falou que não tinha nenhuma informação da participação dele, mas soube que ele foi ao velório e ameaçou familiares da vítima, eles mudaram da região. Que o acusado André informou o local onde a vítima estava, ele tinha interesse na morte da vítima pois eram de grupos rivais no tráfico e porque ele tinha interesse na esposa da vítima".
Outra testemunha também citada na pronúncia, ouvida com identidade preservada, afirmou que Giovani e "Leo Bebezão" eram os chefes do trafico do grupo Trem Bala, tudo que acontecia tinha que passar pelo Giovani", consta no texto.
O julgamento acontecerá no Fórum Criminal de Vitória, a partir das 9 horas. A advogada Patrícia dos Santos Ferreira Cavalcanti, que faz a defesa de André do Carmo Boa, preferiu não se manifestar sobre o julgamento. Os advogados dos demais não atenderam as ligações feitas pela reportagem.
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