O Espírito Santo registrou 1.101 novos casos de pessoas com o vírus HIV, em 2018. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). O número segue a tendência dos últimos quatro anos, em que a quantidade de infectados dobrou em relação aos dados obtidos até 2014, quando os novos diagnósticos anuais somavam, em média, 500 casos.
De acordo com a coordenadora do Programa Estadual de DST-Aids, a pediatra Sandra Fagundes, os números não devem ser analisados isoladamente, isso porque três fatores devem ser considerados. "O primeiro deles é que apenas a partir de 2015 uma Portaria do Ministério da Saúde solicitou a notificação e o tratamento de todas as pessoas com HIV positivo, ainda que nem todas tenham desenvolvido a Aids. Com a mudança da regra, houve um aumento numérico nos registros, com uma mudança na forma de contabilização dos infectados", explicou.
A segunda possibilidade para o aumento dos casos é a constatação de que menos pessoas têm feito uso de preservativos, sendo que, segundo Sandra, em pesquisas recentes apenas 40% dos entrevistados dizem praticar o chamado "sexo seguro". Já a terceira hipótese seria a intensificação dos testes de HIV, realizados há dois anos por meio de qualquer unidade de saúde.
Conhecida como "Aids", a Síndrome da Imunodeficiência adquirida, em português, é uma doença causada pelo vírus HIV. Esta doença crônica transmitida principalmente por relações sexuais desprotegidas também pode ser provocada pelo uso de seringas compartilhadas ou por agulhas contaminadas, bem como por transfusão de sangue ou, ainda, de mãe para filho.
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TAXA DE DETECÇÃO
A taxa de detecção de HIV no Espírito Santo em 2018 foi de 29 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. De forma setorizada, a Região Metropolitana apresentou o índice mais alarmante, de 41 casos para cada grupo.
O número de casos na região Norte tem aumentado nos últimos anos, com taxa de 21 casos para cada 100.000 habitantes, ao passo que na região central e na região sul os números permaneceram semelhantes aos apontados em 2017, de 14 e 17 casos, respectivamente.
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EM TRATAMENTO
De acordo com dados da Sesa, até dezembro de 2018 havia 11.980 pessoas em tratamento de HIV no Estado. Ao considerar os meses de janeiro e fevereiro de 2019, foram acrescidas cerca de 200 pessoas.
Deste total, 92% estão com a carga viral indetectável. "As pessoas que estão em tratamento buscam medicação a cada dois meses. São realizados exames e a partir deles é medida a quantidade de vírus circulando na corrente sanguínea. Quando há carga viral indetectável significa que houve controle do vírus, ainda que o paciente continue infectado. A grande vantagem é que este indivíduo não é capaz de transmitir o vírus por meio sexual", completa a coordenadora do programa DST-Aids.
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OS NÚMEROS DO ESPÍRITO SANTO
No Estado, entre 1985 e 2018 foram notificados 15.570 casos de HIV, sendo que 67% dos registros são de homens (10.441 casos) e 33% são de mulheres (5.130 casos). Quanto à forma de contágio, 72% dos identificados decorreram da transmissão sexual.
De acordo com Sandra, a preocupação no tocante às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) não deve ficar restrita à Aids, mas deve abranger a sífilis e as hepatites.
Em relação à sífilis, o número de casos novos em adultos triplicou nos últimos seis anos, sendo que 2018 alcançou 4.538 diagnósticos da doença.
CAMPANHA DE CARNAVAL 2019
Com o título Carnaval com camisinha é bem melhor, a campanha do Governo do Estado, por meio da Sesa, lançada na última sexta-feira (22) distribuiu 32.100 preservativos à população, como incentivo ao sexo seguro. Além da distribuição, outros 900 mil preservativos estão disponíveis nas unidades de saúde do Espírito Santo.
O alerta para o contágio vem sendo uma bandeira do poder público, já que os sintomas da doença podem ser devastadores. A Aids atinge o sistema imunológico, prejudicando a defesa contra outras infecções.
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