Em tempos de pandemia, a capacidade dos hospitais de atender os pacientes da Covid-19 é uma preocupação constante. No intuito de saber qual o cenário encontrado em terras capixabas, o núcleo de GeoSaúde da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) elaborou um mapa que mostra onde estão os leitos hospitalares.
Ao todo, são 7.929 leitos de todos os tipos, incluindo psiquiátricos, unidades de terapia intensiva (UTI) e de maternidade e enfermaria. A maioria pertence ao Sistema Único de Saúde (SUS): cerca de 64%. No entanto, o levantamento revela uma acentuada desigualdade no que tange à distribuição deles entre os 78 municípios.
Exemplo disso é que mais da metade deles está em apenas cinco cidades. A capital Vitória tem 1.695 leitos o que equivale a cerca de 20% de todo o Estado. Depois, aparece Vila Velha (864) e Serra (754), seguidas por municípios que estão fora da Região Metropolitana: Cachoeiro de Itapemirim (520), no Sul; e Colatina (484), no Noroeste.
No melhor patamar, com mais de cinco leitos para cada mil habitantes, há apenas duas cidades: Anchieta e São José do Calçado. No entanto, na primeira, todos são de clínicas particulares de psiquiatria ou reabilitação. Outros 12 municípios aparecem com mais de três leitos para cada mil habitantes.
Embora o mapa mostre que a maior parte dos municípios capixabas 54 precisamente possuem leitos hospitalares, a falta deles é notória em diversos outros, espalhados de Norte a Sul do Estado. Ao todo, 24 cidades não têm um leito sequer para atender a população local.
A ausência de estrutura para atendimento em tantos pontos do Espírito Santo surpreendeu o coordenador do estudo, o professor Rafael Catão. Chamou atenção os vazios na Região do Caparaó e no Noroeste, próximo de Colatina. Não achei que fosse encontrar municípios sem leito. Achei que teria pelo menos um, comentou.
De acordo com Catão, o nível primário da saúde está distribuído de forma mais igualitária no Estado. As unidades e os postinhos, que são mais focados na prevenção, estão ao longo de todo o território; mas os leitos se concentram em hospitais maiores, onde há mais aparato técnico também, explicou.
O Hospital Jayme dos Santos Neves, na Serra, por exemplo, tem muitos leitos; mas isso não acontece no restante da cidade. A capital Vitória também tem um número alto, mas acaba atendendo toda a Região Metropolitana. Para esse tipo de emergência, o ideal seria ter uma distribuição melhor, analisou.
Elaborado com a contribuição de três mestrandos e sete alunos da graduação da Ufes, o levantamento também revela o quão importante é o sistema público de saúde, de acordo com Catão. Embora tenhamos vários hospitais privados, a maioria dos leitos é do SUS. Isso é bom para que a gente dê a importância devida a ele, defendeu.
Quanto à disponibilidade de leitos no Espírito Santo, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) informou que 121 UTIs exclusivas para pacientes com o novo coronavírus já estão disponíveis e que outras 269 estão sendo montadas. Um total de 250 leitos de enfermaria também estará à disposição para o tratamento da Covid-19.
A pasta também afirmou que a distribuição dos seis hospitais de referência para tratar a doença foram organizados estrategicamente em cidades polo, em todas as regiões de saúde, e contarão com unidades de suporte. Os centros ficam nos municípios de Vitória, Serra, São Mateus, Colatina e Cachoeiro de Itapemirim.
A Sesa também garantiu que tem traçado estratégias para a possível adoção de outras medidas no futuro, como estruturações de um hospital de campanha e a utilização de leitos em hospitais privados, de acordo com a ocupação dos leitos próprios, conforme determina o Ministério da Saúde.
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