Médicos de todo o mundo estão procurando a família do cirurgião-geral capixaba Francisco Mazzini, de 66 anos, que morreu após contrair uma bactéria ao cortar o braço em um coral enquanto nadava em Cancún, no México. A maioria dos especialistas acredita que trata-se de bactérias raras dos gêneros Aeromonas e Vibrio, comuns em corais de águas salinas. O exame que indica o nome real do germe deve ficar pronto ainda nesta terça-feira (03).
O médico deu entrada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no último sábado (29) e, desde então, permanecia em estado grave. Segundo a família, Francisco entrou em estado de choque séptico, quando uma infecção se alastra pelo corpo. Ele morreu após a falência de múltiplos órgãos, na última segunda (02).
O médico estava de folga em Cancún com a mulher, a pediatra Rachel Acha Mazzini, para passar o Carnaval. A forma como o Francisco foi infectado, ao cortar o braço em um coral enquanto nadava em uma praia, acendeu um alerta. A rapidez com que o quadro evoluiu até a morte do cirurgião levantou preocupação.
Em busca de uma forma de entender o que aconteceu para evitar que outras vítimas passem pelo mesmo, especialistas do Brasil e do mundo estão em contato com familiares do cirurgião em busca de mais informações sobre a bactéria.
"Médicos do mundo todo entraram em contato comigo porque querem pegar o caso e levar informações para as pessoas, para evitar que isso volte a acontecer. A infecção do meu pai teve uma evolução muito rápida e, por isso, serve de alerta. Ainda não sabemos ao certo, mas a maioria dos especialistas suspeita que seja grupo de bactérias típicas de águas salinas, conhecidas como Aeromonas e Vibrio. São médicos de referência, tanto que os antibióticos para o tratamento do meu pai foram escolhidos baseados nessa suspeita", contou Victor Acha Mazzini, filho da vítima.
Victor completou que a hemocultura - exame que irá dizer o real nome da bactéria, deve ficar pronto ainda nesta terça (03). Depois, a família pretende passar todas as informações necessárias aos especialistas que querem estudar o caso.
"Hoje estamos focados no velório e enterro do meu pai. Mas assim que resolvermos tudo, vou fechar a conta no hospital - que ficou bem alta, e pegar prontuário e exames", explicou.
O médico dermatologista Vidal Haddad Junior, que durante três anos pesquisou cerca de 300 casos de acidentes causados por animais aquáticos, acredita que a bactéria que infectou o capixaba é do tipo Vibrio Vulnificus, pois a Aeromonas é mais comum em água doce.
"Essa bactéria pode ser encontrada em vários locais, até na água do mar. Mas a maioria das pessoas que tem contato com a Vibrio não são infectadas. A infecção depende de vários fatores, como a pessoa ser imunocomprometida, idosa ou até mesmo o tipo de agressividade da bactéria. O que vitimou meu colega (de profissão) passa muito por fatores aleatórios e azar. Tantas pessoas se machucam na água, bem mais gravemente, e não sofrem infecções. Mas, infelizmente, acontece com alguns", lamentou.
De acordo com Rachel Mazzini, ela e o marido estavam nadando quando o médico esbarrou em uma pedra onde havia um coral e cortou superficialmente o braço, no sábado (22). Como o ferimento era leve, o casal continuou a viagem normalmente. Contudo, dias depois, Mazzini começou a apresentar sintomas de infecção.
"Na terça-feira de madrugada (25), ele acordou com calafrio e sudorese (suor). O braço dele estava muito vermelho. Eu acionei o serviço médico no hotel, ele foi examinado e encaminhado ao hospital em Cancún. Na unidade, eles informaram que se tratava de uma bactéria, iniciaram o tratamento com antibiótico e logo em seguida ele recebeu alta", lembra.
No dia seguinte ao atendimento, na quarta-feira (26), o casal se dirigiu ao aeroporto para retornar ao Brasil. Prestes a embarcar, Rachel percebeu que o marido não estava bem e acionou novamente o serviço médico. Mazzini já deu entrada no hospital em estado considerado crítico pelos médicos e foi internado na UTI. A bactéria se alastrou pelo corpo do paciente, que morreu na última segunda (02).
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