Na linha de frente para o atendimento a pacientes contaminados pelo novo coronavírus (Covid-19), médicos e enfermeiros denunciam a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para que possam atuar sem o risco de também se contaminarem. O problema não se limita a unidades da rede pública; em hospitais particulares profissionais de saúde se queixam da falta de condição de trabalho com segurança. São máscaras, luvas, óculos, aventais, entre outros itens que não são oferecidos de maneira adequada a todos.
Por meio do seu Comitê de Enfrentamento da Crise, o Conselho Regional de Medicina (CRM) iniciou uma pesquisa online com médicos capixabas para avaliar as condições de trabalho durante a pandemia da Covid-19. Até esta segunda-feira (30), 1.287 profissionais responderam a pesquisa e a maioria, segundo a assessoria da entidade, reclama da falta ou do racionamento de EPIs nas unidades de saúde.
"A manifestação dos médicos ajuda o CRM-ES, neste momento tão delicado, a fiscalizar, de forma mais assertiva, as unidades que estão em situação mais crítica e a pedir providências ao gestor público, para melhorar as condições de trabalho dos profissionais de saúde. As informações são também encaminhadas ao Ministério Público", destaca o comitê, por nota.
A entidade diz reconhecer a carência de EPIs no país e no mundo, e compreende a dificuldade das autoridades em encontrar equipamentos para aquisição, porém "segue atenta, exigindo providências e recomendando o fechamento das unidades até que ofereçam condições de segurança para os profissionais de saúde e para a população. " Questionada se haveria indicativo de fechar algum local nos próximos dias, como ocorreu com o Hospital de Cobilândia, em Vila Velha, a assessoria do CRM informa que ainda não há definições sobre o assunto.
A presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren), Andressa Barcellos, aponta que a situação para os profissionais da área também não é a mais adequada em tempos de transmissão comunitária no Espírito Santo do novo coronavírus. Ela diz que a entidade recebeu denúncias relacionadas a 37 instituições, públicas e particulares, sobre a falta de EPIs. Dessas, 24 já foram fiscalizadas e as irregularidades são comunicadas ao gestor e também ao Ministério Público.
"A gente entende as dificuldades do momento, e que muitas vezes é preciso racionalizar o uso. Mas a racionalização não pode ser confundida com contingenciamento e negligência à saúde do trabalhador. Tudo agora tem outra dimensão por conta da transmissão e da letalidade, e é preciso reforçar a proteção ao profissional", ressalta Andressa.
A presidente do Coren revela que a falta de EPIs não é um problema atual, mas que a situação se agravou com as necessidades decorrentes do fato de o novo coronavírus ser altamente contagioso. Andressa Barcellos fala que os protocolos para proteção aos profissionais de saúde foram modificados com a detecção dos primeiros casos de Aids no país, na década de 1980, porém nos últimos anos houve um afrouxamento na concessão de equipamentos para os trabalhadores. "Neste momento, a situação se torna mais grave", conclui.
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