As decisões do governo relacionadas à prevenção e controle do novo coronavírus (Covid-19) no Espírito Santo têm sido baseadas em orientações técnicas, não apenas da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), mas também de pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Pós-doutora em Epidemiologia e professora da instituição, Ethel Maciel compõe a equipe de assessoramento e assegura que as medidas adotadas por aqui estão surtindo efeito.
Referência na área de doenças infecciosas, Ethel aponta que o Espírito Santo, ao iniciar de maneira precoce o isolamento social, ao contrário de outros Estados e países, conseguiu se antecipar a problemas enfrentados nesses locais.
"O Espírito Santo tomou a medida no momento anterior à curva ficar ascendente e, por isso, está numa situação melhor do que outros Estados. Se antecipou ao pico da curva fazendo o isolamento e isso foi mundo bom porque, do ponto de vista da epidemia, nos colocou em vantagem. Podemos olhar o que acontece nos outros Estados e monitorar o nosso. Ganhamos tempo e esse é um fator muito importante porque, quanto mais tempo temos, melhor para os serviços de saúde se organizarem", argumenta.
Mesmo de olho nos dados do Espírito Santo e no que acontece em outros locais, Ethel Maciel reconhece que não é possível fazer projeções a longo prazo. A professora observa que países como a Itália e a Espanha, por exemplo, que estão imersos na pandemia há mais tempo, ainda não têm previsão de como e quando vão ter controle sobre a doença. Por aqui, reforça, estamos apenas no começo.
"Toda semana a gente olha os números e projeta a próxima semana. Essa é uma situação que não vai se resolver rápido. O crescimento da curva pode ir até julho, agosto. Se tudo vai ficar parado até lá, não dá para dizer hoje. Vamos fazendo o monitoramento diário para que as decisões sejam tomadas. Mas qualquer medida de afrouxamento agora seria temerário", ressalta.
As orientações, portanto, permanecem: distanciamento social, higienizar bem as mãos, proteger as pessoas de grupos de risco, sobretudo idosos, segundo Ethel Maciel.
"É importante frisar que a vida vai ser diferente daqui para frente. Precisamos mudar nossos hábitos. Isso é definitivo. Estamos sofrendo um impacto, pessoas estão morrendo. Mas nosso trabalho é para prevenir mortes que podem ser evitadas; é salvar o maior número de vidas. Manter o isolamento é permitir que o sistema de saúde se prepare para fazer o atendimento de maneira adequada a todos que precisarem", destaca.
Questionada sobre as críticas de empresários ao isolamento devido aos efeitos na área econômica, Ethel Maciel é enfática sobre a necessidade de se mudar a narrativa. Ela ressalta que é a pandemia que afeta economia, e o distanciamento social é o remédio para que a crise na saúde pública dure o menor tempo possível para a retomada das atividades.
Por fim, a professora também exalta o trabalho científico. "A sociedade precisa entender que só a ciência tem condições de modificar o quadro que estamos vivendo. Investir na ciência é garantir pesquisas para vacinas, para medicamentos, para cura de doenças."
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