As celebrações e cultos religiosos continuam suspensos no Espírito Santo. Um novo decreto, publicado pelo presidente Jair Bolsonaro, nesta quinta-feira (26), passou a incluir atividades religiosas na lista de setores essenciais durante o estado de calamidade por conta da pandemia do novo coronavírus, a Covid-19. Com isso, cultos e missas podem acontecer, ainda que de forma restrita. No entanto, apesar do novo decreto, nada muda, por enquanto, nos templos religiosos do Estado porque as lideranças de igrejas decidiram seguir as recomendações do governo estadual.
O novo decreto do governo federal atualiza uma primeira lista publicada em 20 de março. A norma estabelece que fica proibida "a restrição à circulação de trabalhadores que possa afetar o funcionamento de serviços públicos e atividades essenciais, e de cargas de qualquer espécie que possam acarretar desabastecimento de gêneros necessários à população".
Na semana passada, o governador Renato Casagrande proibiu celebrações com mais de 50 pessoas nas igrejas do Espírito. De acordo com a assessoria do governador, apesar do novo decreto de Bolsonaro, a orientação para as igrejas capixabas segue a mesma: não celebrar cultos. Nesta quinta-feira (26), após o novo decreto de Bolsonaro, A Gazeta conversou com alguns líderes religiosos para saber o que eles pensam sobre o assunto.
De acordo com o arcebispo Dom Dario Campos, as atividades religiosas na Arquidiocese de Vitória continuam suspensas. "As missas e outros momentos litúrgicos continuarão sendo transmitidos pelas redes sociais e pelo rádio para que os fiéis possam sentir o conforto da fé e o valor da comunidade, e, ao mesmo tempo, se previnam do contágio do novo coronavírus (Covid19), permanecendo em suas casas, longe de aglomerações", informa nota publicada no site da Arquidiocese de Vitória.
Todos os cultos e atividades presenciais seguem suspensos. As celebrações agora são transmitidas pela internet. "Para nós a atividade religiosa é essencial, mas não vamos fazer a reabertura dos cultos. Estamos suprindo essa necessidade com conteúdo online. Não vamos expor o povo ao risco. Não vamos reabrir igreja", afirmou o Pastor Josias Júnior, gerente da comunicação da Igreja Cristã Maranata.
O Pastor David Mesquiati defendeu que, neste momento, vale não atender aos pedidos do presidente da república. "Suspendi todos os cultos, nenhuma atividade no templo, os encontros agora são online, via redes sociais. Nesse momento, cabe à população a desobediência civil. Se qualquer pastor quiser abrir igreja, fazer cultos, cabe a desobediência eclesiástica também. Não se justifica convocar as pessoas para o culto agora, uma vez que temos outros meios e tecnologias que possibilitam o encontro", declarou o pastor.
Já na Convenção Batista, cada igreja é autônoma e tem liberdade para decidir se retorna ou não com as atividades. No entanto, de acordo com o pastor Diego Bravim, secretário executivo da Convenção Batista no Espírito Santo, a orientação é que as igrejas permaneçam fechadas.
"A relação da instituição com igreja local é de cooperação, não de domínio. Por enquanto, a orientação dada às igrejas é de manter o decreto do governador do Estado. Com todo respeito ao presidente, mas estamos diante de uma normativa interna. Até então não há mudança prevista. Seguimos o decreto inicial, que ainda não foi revogado. A orientação é permanecer com as igrejas fechadas", disse o pastor.
No candomblé e nas religiões de matriz africana, as atividades também estão suspensas.
"Nossas atividades seguem suspensas. Nossa casa, e outras que conheço de matriz africana, prevalecem sem as atividades, para evitar a propagação do coronavírus. Não estamos fazendo aglomerações no nosso templo", afirmou o babalorisa Washington de Osoosi.
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