Dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) apontam que o mês de março de 2020 foi o mais violento desde fevereiro de 2017, período marcado pelo movimento que paralisou as atividades da Polícia Militar no Estado por 21 dias. A informação foi publicada nesta quarta-feira (1º) na coluna do Leonel Ximenes.
Ao longo dos 31 dias do mês passado, 143 pessoas foram assassinadas, aproximadamente cinco mortes por dia. Em comparação com o mesmo período de 2019, houve aumento de 66,27%. Em março do ano passado tiveram 86 homicídios.
De acordo com a polícia, o aumento está relacionado com a disputa por pontos de comércio de drogas, sobretudo na Grande Vitória. Em março de 2018, foram registrados 112 homicídios e, em 2017, o mesmo mês teve 130 casos. Já em 2016, aconteceram 114 assassinatos.
Especialistas em segurança pública destacam que nem mesmo a pandemia do novo coronavírus, que obrigou a adoção de medidas restritivas de circulação de pessoas e fechamento do comércio no Estado, conteve o avanço da criminalidade neste ano.
Membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o professor doutor Pablo Lira, avalia que a chegada do vírus ao Espírito Santo é responsável pela redução da aglomeração de pessoas nas ruas e, consequentemente, do comércio de entorpecentes.
Para compensar a queda nas vendas, além de cobrar dívidas dos usuários, os traficantes estão buscando ampliar o controle de novas bocas de fumos para dominar outros territórios que estão sob o comando de grupos rivais. A meta é ampliar a renda prejudicada por conta da nova rotina dos usuários.
Estamos observando o maior número de incidente de homicídios por conta da disputa do tráfico de drogas ilícitas, sobretudo, na região metropolitana, que abriga áreas com atuações mais marcantes dos grupos ligados ao tráfico. Já observamos que esse cenário também é visto em outros estados brasileiros, analisou.
O especialista em segurança pública Henrique Herkenhoff destaca que essa nova normalidade provocada pelo coronavírus obriga a adoção de diferentes políticas públicas de segurança por parte do Governo do Estado.
O que pode estar acontecendo é uma redução muito drástica na venda de drogas e isso acaba incitando a disputa por mercado. Estamos presenciando uma situação inusitada que exigem novas ações. Onde antes precisava de policiamento, pode ser que não se precise mais. Então a atenção deve ser voltada para outra área.
Para o secretário de Estado da Segurança Pública, Roberto Sá, o mês de março deste ano foi atípico. Ele informou que dos 143 assassinatos registrados no Estado no mês de março, 65% já tem a motivação identificada e em 40% deles a Polícia Civil já identificou o autor do crime.
Houve mudança na dinâmica do tráfico. Esse aumento do número de homicídios em março foi atípico, ocasionado por uma ação do tráfico de drogas que buscou ampliar o seu lucro cobrando dívidas ou tentando ampliar os seus pontos de vendas. E isso se deu de forma acentuada, afirmou.
Uma das medidas para conter as ações criminosas foi a criação do Batalhão de Pronto-Emprego, quando 94 policiais militares que atuam no serviço administrativo, Patrulha Escolar e na Banda da PM foram designados para reforçar o patrulhamento nas ruas da Grande Vitória.
Mapeamos as áreas mais conflagradas e já determinei que as polícias atuem com intensidade total de reforço no patrulhamento. Eles entraram numa banalização da violência onde tiram a vida do outro por nada ou muito pouco. A gente prende e salva a vida deles. E vamos continuar prendendo, avisou o secretário.
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