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Músico Elias Belmiro é visto pedindo dinheiro nas ruas de Vitória

Músico Elias Belmiro é visto pedindo dinheiro nas ruas de Vitória

O solista de violão luta contra o vício em álcool e agora precisa andar com uma bengala por ter desenvolvido artrose. Ele contou como se sente e como tem vivido

Publicado em 5 de julho de 2019 às 13:55

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O músico Elias Belmiro foi visto pedindo dinheiro na Vila Rubim. (Eduardo Dias)

O renomado solista de violão, Elias Belmiro, de 51 anos, foi encontrado pela equipe de reportagem da Rádio CBN Vitória pedindo dinheiro na Vila Rubim, na manhã desta sexta-feira (5). No final de agosto do ano passado, o drama de Elias, que luta contra o vício em bebida alcoólica, foi contado em uma reportagem do Gazeta Online. Ele foi internado em uma clínica de reabilitação mas, após três meses, voltou a ficar em situação de rua. O músico, que agora tem a companhia de uma bengala em vez do violão, fala que descobriu um problema de saúde.

Elias conta que estava pedido dinheiro para poder ir ao Centro de Atenção Psicossocial (Caps), na Ilha de Santa Maria onde, segundo ele, passa o dia. Ele diz que tem passado as noites em um abrigo ao lado da Catedral de Vitória, na Cidade Alta, no Centro da Capital. O músico conta que desenvolveu artrose, está com muitas dores nos joelhos e por isso precisa da bengala. 

Músico Elias Belmiro é visto pedindo dinheiro nas ruas de Vitória

RELEMBRE

> Agosto 2018 | Solista de violão renomado agora vive nas ruas do Centro de Vitória,

> Dez 2018 | Músico Elias Belmiro volta a morar nas ruas de Vitória

"Eu tive que dar uma parada radical (no consumo de álcool), porque eu estou com artrose, tomo muitos remédios, não sabia que o álcool traria um transtorno tão grande, o álcool estragou a minha vida. A vontade de beber vem, mas o remédio evita a crise de abstinência, ajuda a ficar calmo e tira aquela ansiedade de beber ", explica o músico.

Elias garante que luta para combater o vício em bebidas alcoólicas. Ele lembra que os primeiros dias sem beber, no final do ano passado, foi a fase mais difícil da reabilitação.

"Nos primeiro dias você fica inquieto, fica pra la e pra cá e, ainda bem que eu não tive tremedeira porque senão ia acarretar em um compromisso sério com a minha música, com meu violão. Eu tô usando muleta e os motoristas estão pedindo a minha carteirinha. De vez em quando eu tenho que descer do ônibus porque eu fico com vergonha. Daqui a pouco eu vou para o Caps, eu fico o dia todo lá", relata. 

ESPERANÇA DE VOLTAR AOS PALCOS

O músico Elias Belmiro foi visto pedindo dinheiro na Vila Rubim. (Eduardo Dias)

Apenas com uma mochila nas costas, Elias afirma que os poucos bens materiais que possui estão dentro dela, além de calças que deixa no abrigo noturno. É uma situação descrita pelo músico como muito ruim quando lembra da carreira que teve antes de desenvolver o vício em bebidas alcoólicas.

"Eu me vejo numa situação muito ruim. Eu toquei fora do Brasil, na França, Itália, Santiago de Compostela, na Espanha e toquei no Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Campos, aqui mesmo, com a Orquestra Filarmônica Junto com o maestro Helder Trefzger, gravei três CD's, então eu não acreditei na queda, ainda estou desacreditado. Mas eu vou voltar aos palcos ainda".

O músico acredita que sempre irá precisar de auxílio para lidar com o problema do vício e diz que, nos tempos das grandes apresentações, ensaiava violão 16 horas por dia. Elias relembra da reportagem produzida pela TV Gazeta e Gazeta Online antes de ser internado em uma clínica de reabilitação, no ano passado, e afirma que até hoje muitas pessoas o reconhecem e dão força para continuar a luta.

"Depois da reportagem da Gazeta, muita gente que não me conhecia me viu na rua e dizia que tinha me visto na TV. Então as pessoas me veem, botam a mão no meu ombro e falam "dá a volta por cima que eu quero te ver no palco", e isso é importante para mim, é um incentivo muito grande", conclui o músico

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A HISTÓRIA DE ELIAS

Elias Belmiro ministrando aula de musicalização para crianças do projeto social Cajun (Caminhando Juntos), em 2005. (Fábio Vicentini | Arquivo GZ)

Quando começou a tocar?

Comecei a tocar aos 15 anos no Bairro de Lourdes, em Vitória. Tinha um festivalzinho de música e eu era autodidata, não tinha estudado. A primeira música que toquei foi a peça “A Catedral”, que tirei tudo de ouvido.

E depois?

Quis procurar algo melhor, e fui atrás do Maurício de Oliveira. Na casa dele, quando morava na Praia do Canto, em Vitória. Eu tocava só com o dedo polegar, não usava os outros dedos. Foi quando ele mandou eu procurar o filho dele, Tião de Oliveira, que começou a me dar uns toques legais.

O que o influenciou a beber?

Eu me achava o tal com bebida. Só que eu estava era ferrado. Já busquei ajuda, era para estar em São Paulo, mas o tratamento não resolveu nada.

Como foi viver na rua?

A bebida, né. Virei alcoólatra e a minhas prioridades passaram a ser só o álcool.

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Já assumi esse desafio. Não estou falando isso porque vocês (a reportagem) vieram atrás de mim. Sinto saudade do que fazia. Hoje estou um pouco enferrujado, há mais de dois anos que não toco, e é o que gosto de fazer.

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