Identificar de onde vêm as armas e munições ilegais que entram no Espírito Santo está cada vez mais na mira da Polícia Civil no Estado. Com quase duas mil armas apreendidas só de janeiro a julho deste ano, o Espírito Santo passou a contar nesta quinta-feira (08) com a Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme).
O secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo (Sesp), Roberto Sá, implanta, assim, um modelo de unidade policial que ele também inaugurou no Rio de Janeiro, em 2017. Naquele ano, ele era responsável pela pasta de segurança no Estado vizinho.
A Desarme vai funcionar em um imóvel cedido pela Infraero, que fica ao lado do antigo terminal de passageiros do aeroporto de Vitória.
No Espírito Santo, nove armas são apreendidas por dia, segundo levantamento da Sesp. Cerca de 80% dos crimes no Estado foram cometidos com uso de arma de fogo. Para o secretário, uma unidade especializada para descobrir a origem do armamento vai ajudar a reduzir os índices locais de criminalidade.
Roberto Sá destaca ainda a importância da delegacia para investigar a fabricação de armas caseiras no Estado. "Precisávamos de uma equipe para se dedicar a investigar o tráfico ilegal, comércio ilegal, posse e porte ilegais. E mais uma coisa que chama atenção é a fabricação caseira. A apreensão de armas de fabricação caseira já chegou a 10% do total de armas", comenta o secretário.
O trabalho dos policiais civis, segundo Roberto Sá, será integrado com o das polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal. Para aumentar essa integração, o governador Renato Casagrande também anunciou que vai criar um Grupo Integrado de Operações de Segurança Pública (Giosp) para que as informações sejam compartilhadas entre as polícias.
"O sentimento que a gente tem no governo e na polícia é de enxugar gelo porque a cada ano se apreende quatro mil armas, no outro ano mais quatro mil armas e só vai aumentando o número de armas. Temos necessidade do trabalho de inteligência das polícias e de um trabalho em conjunto. Estamos designando então delegados e policiais para que se concentrem na identificação para que se tenha uma radiografia da entrada de armas e munições no Estado do Espírito Santo", reforça.
A reforma do imóvel cedido pela Infraero para a implantação da Desarme durou 60 dias. O local, de 512 metros quadrados, possui dois pavimentos, sendo o térreo composto por oito salas, além da recepção, cozinha e banheiros (masculino, feminino e acessível), e o segundo pavimento composto por oito salas, banheiros (masculino, feminino e acessível) e shaft.
Além da Desarme o prédio também passa a abrigar outras unidades da Polícia Civil, como a Divisão de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Diccor), a Delegacia de Repressão às Ações de Criminalidade Organizada (Draco), a Divisão de Inteligência (DI) e a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core).
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