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O que muda no ES com a  transmissão comunitária de coronavírus?

O que muda no ES com a  transmissão comunitária de coronavírus?

A partir de agora, sem saber de onde parte o  contágio para a Covid-19, regras vão se tornar mais rigorosas, e a população precisa reforçar os cuidados individuais

Publicado em 30 de março de 2020 às 22:09

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Coronavírus - Covid19
Coronavírus - Covid19 . (Pete Linforth/Pixabay)

O governo do Estado declarou nesta segunda-feira (30) que o Espírito Santo vivencia a transmissão comunitária do novo coronavírus (Covid-19). Muitas medidas já haviam sido adotadas para conter o avanço da doença, contudo o momento agora vai exigir mais rigor por parte do poder público, ao mesmo tempo em que a população precisará reforçar os cuidados individuais para não se contaminar, tampouco ser o vetor do contágio de outras pessoas.

A transmissão comunitária é um conceito adotado quando não é mais possível identificar de onde partiu a contaminação. Agora, o Espírito Santo se equipara a Estados como São Paulo e Rio de Janeiro, e o número de casos começa a subir de forma exponencial. No país, essa condição já havia sido declarada pelo Ministério da Saúde  há 10 dias. Ao fazer essa  declaração, o Estado pode impor medidas mais restritivas, e prorrogar aquelas que já haviam sido implementadas.  

governador Renato Casagrande (PSB) diz que serão feitas análises diárias para que, na sexta-feira (3), as decisões sejam anunciadas. Antes de declarada a transmissão comunitária, havia a perspectiva de o governo flexibilizar a retomada de algumas atividades ao longo desta semana. Agora, a reabertura do comércio ficará condicionada a uma série de novos critérios,  e alguns segmentos permanecerão fechados, como o da educação

"No sábado vence o prazo que demos para o comércio manter as portas fechadas. Vamos conversar com a nossa equipe da Secretaria de  Estado da Saúde (Sesa) e também com outros infectologistas para avaliar se continuamos ou não com restrições ao comércio, se serão menores ou maiores. Tudo vai depender muito do comportamento do vírus no Espírito Santo. Hoje, não temos como medir esse impacto para tomar a decisão", aponta o governador. 

TESTAGEM

Casagrande destaca que a Sesa vai ampliar a sua capacidade de testagem da população, o que também permitirá que o governo dimensione de maneira mais precisa o avanço da Covid-19 no Estado. 

O secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, acrescenta que o Espírito Santo nesta nova fase terá um aumento maior da curva de transmissão e, portanto, haverá  "a necessidade de responder à epidemia de maneira mais robusta do que até agora."

"Com a transmissão comunitária reconhecemos a possibilidade de haver milhares de pessoas infectadas transitando em locais públicos. Por essa razão, é  acertada a decisão de ampliar testagem para fazer uma radiografia fina da situação no Estado, o que nos permitirá subsidiar decisões que garantam a segurança da vida. Assim como o isolamento social é fundamental. Não é capricho, nem vaidade. Essas são medidas muito sérias e responsáveis de um governo que reconhece a dimensão do problema que o mundo está vivendo", frisa Nésio Fernandes. 

REGIÕES

O governador diz ainda que a realização de testes de maneira abrangente na população também pode contribuir para que o governo identifique as regiões onde há maior foco da contaminação. Esse mapeamento poderá subsidiar a definição de regras mais rigorosas nos locais onde os casos confirmados de Covid-19 tiverem maior volume. 

De maneira geral, Casagrande pontua que serão definidos critérios, por decreto ou portaria, para todas as atividades que puderem funcionar durante o período mais crítico da pandemia no Estado. "Serão protocolos cada vez mais rigorosos, tanto pela segurança dos trabalhadores, quanto dos clientes." Para alguns locais, diz o governador, poderá haver a indicação de uso de máscaras e luvas, a exemplo do que está sendo indicado para as lotéricas. 

LEITOS

Com a projeção de um crescimento mais acentuado de casos de contaminação pelo novo coronavírus, cresce também a preocupação com a oferta de leitos, sobretudo de UTIs, para atender a demanda. A Sesa estima ter 322 vagas até julho exclusivamente para pacientes de Covid-19, dentro da rede estadual. Antes, a secretaria calculava registrar 4 mil casos e, agora, já fala em 6 mil. Destes, em torno de 20% podem ficar um pouco mais graves e necessitar de atendimento hospitalar, dos quais 5% em condição crítica para internação. 

O número de leitos é superior à previsão de casos críticos (60), que necessitam de leito de UTI e respirador, porém se as medidas implementadas de restrição de circulação não forem suficientes para conter o avanço da doença, o governo trabalha com a perspectiva de comprar vagas na rede particular e ainda montar um hospital de campanha

Nésio Fernandes explica que trabalha com dois marcos que acendem sinais de alerta para consolidar as demais alternativas: quando a ocupação dos leitos chega a 50% e a 80% da capacidade instalada na rede estadual.

CUIDADOS

Para um controle maior da disseminação da doença, Casagrande e Nésio destacam a necessidade da população reforçar os cuidados individuais. 

"Não podemos ter contato físico com quem não temos segurança, nem compartilhar talheres, ou dar apertos de mãos. No nosso dia a dia, temos que aperfeiçoar nossa conduta e aumentar totalmente o cuidado. Não dá mais para fazer as coisas como antes", pondera o governador.

Nésio diz que, no caso das pessoas infectadas, é preciso até radicalizar nas atitudes se divide a casa com outros. "É preciso usar máscara o tempo todo, ter uma disciplina intradomiciliar reforçada. E não pode ter atividade social, nem dar uma voltinha no condomínio, para aqueles que moram em prédio. É para ficar totalmente isolado. Essa radicalização é necessária a partir de agora",finaliza o secretário. 

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