Os resíduos de óleo que se espalharam pelo litoral nordestino, se chegarem ao Estado, vão estar com uma aparência bem diferente da que tem sido vista nas praias atingidas. O que não muda, porém, é a sua toxidade. Segundo especialista, o produto é cancerígeno.
A avaliação é de Karla Pereira Rainha, doutoranda na área de intemperismo de petróleo, do Departamento de Química da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Ela observa que mesmo estando mais degradado, o material não deve ser tocado sem luvas ou material de EPI (equipamentos de proteção individual) porque estará mais denso e ainda será muito tóxico.
As manchas de óleo começaram a aparecer no litoral Nordestino no dia 20 de agosto e desde então já foram avistadas em mais de 250 praias, em nove Estados. O resíduo está se deslocando para o Sul da Bahia e a preocupação agora é como impedir que ele chegue a Abrolhos.
Segundo Karla, desde que foi avistado pela primeira vez nas praias, o resíduo de petróleo, que tradicionalmente tem uma aparência preta, vem se degradando pelo tempo em que está na água, sujeito ao sol, à alta temperatura e ao mar.
As manchas que chegaram nas praias do Nordeste são maiores e têm uma aparência emulsificada, viscosa e marrom, mais conhecida no meio técnico como "mousse de chocolate". "O material coletado inicialmente vai ser bem diferente do que chegar aqui. Ele vem passando por modificações contínuas. Quanto mais o tempo passar, mais ele vai mudando. No Nordeste é possível fazer uma espécie de rolo para retirá-lo da areia", explica Karla
Caso chegue ao Estado, o óleo poderá estar mais disperso. "Pode não ser mais uma emulsão estável, não ficar agrupado em uma mancha", acrescenta a pesquisadora. Ela avalia que a melhor estratégia, no momento, é o monitoramento. "O importante é trabalhar em conjunto. Se uma pessoas avistar uma mancha, deve comunicar logo para a prefeitura, defesa civil. Quanto mais cedo agirmos, melhor".
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