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Onça-parda resgatada no ES: coleira pode machucar animal?

Onça-parda resgatada no ES: coleira pode machucar animal?

O Gazeta Online conversou com o médico veterinário João Rossi, que acompanhou e auxiliou o resgate do animal na última sexta-feira (23)

Publicado em 28 de agosto de 2019 às 05:30

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Onça foi solta na reserva de Sooretama na noite desta sexta-feira (23). (Divulgação | Polícia Militar Ambiental)

A coleira não machuca? Essa foi uma das perguntas mais recorrentes no Facebook do Gazeta Online após publicação de fotos da onça-parda — que apareceu em uma residência em Baixo Guandu na última sexta-feira (23), em seu novo lar: a Reserva de Sooretama. Nas imagens, o animal aparece portando uma larga coleira.

- Será que pode machucar?

- O animal não pode acabar se enforcando?

- Para que serve?

A reportagem conversou com o médico veterinário João Rossi, que também é professor da Universidade de Vila Velha (UVV) e foi até o município exclusivamente para dar apoio à ação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Polícia Militar Ambiental (PMA).

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Inicialmente, Rossi explica que as coleiras são dimensionadas proporcionalmente em relação ao peso do animal — que, no caso, foi constatado de que se tratava de um macho sadio, com 38 quilos e idade entre dois e três anos.

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O volume e o peso está relacionado com o sistema de baterias que alimentam o transmissor de sinal para o satélite que recebe as informações e as enviam para o monitoramento remoto

João Rossi, veterinário
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Questionado se o dispositivo pode machucar o animal, o veterinário argumenta, e explica que, se colocadas corretamente, não fere a onça. Ele afirma que o material usado na produção da coleira é antialérgico, e feito para que ela se solte sozinha em aproximadamente um ano. "Nesse meio tempo, o transmissor envia os dados para avaliação dos cientistas", detalhou Rossi.

PARA QUE SERVE A COLEIRA? E O MICROCHIP?

São dois dispositivos com funcionalidades diferentes. O médico veterinário pontua que o microchip — também chamado de transponder — é um dispositivo eletrônico que carrega um número individual, sem repetição no mundo inteiro. Ele serve como um dispositivo de segurança para confirmação de que o animal que o carrega implantado sob a pele, é realmente o animal identificado.

Onça-parda foi encontrada no quintal de uma casa em Baixo Guandu, no Noroeste do ES. (Reprodução | TV Gazeta Noroeste)

"Por exemplo, se o animal é encontrado morto, sem a coleira, o transponder será a confirmação ou não que é o animal monitorado. A coleira capta informações sobre o deslocamento do animal na reserva, permite que os cientistas saibam aonde está o animal e como ele está interagindo com o local", pontuou.

O ANIMAL PODE SE ENFORCAR?

Rossi não descarta a possibilidade, mas diz que o animal se acostuma com a coleira em poucos dias. "Existe chance dele se enforcar? Existe. Já aconteceu isso alguma vez? Em mais de 30 anos de monitoramento de grandes felinos no Brasil, nunca foi relatado", contou.

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O que também pode acontecer é algum caçador matar o animal e se livrar do dispositivo. "O caçador mata e os cientistas localizam. Isso já aconteceu algumas vezes. Coleira é para proteção do animal. O funcionamento é parecido com as tornozeleiras eletrônicas usadas por detentos em prisão semiaberta, por exemplo", comparou o profissional.

O RESGATE

Depois de ser transportada por um helicóptero, a onça-parda, que invadiu o quintal de uma casa na manhã da última sexta-feira (23) em Baixo Guandu, finalmente foi solta na Reserva de Sooretama, no Norte do Estado. Uma equipe da Polícia Militar Ambiental acompanhou o trajeto e o momento de soltura. Veja no vídeo abaixo.

A onça, que aparece usando uma coleira, vai ficar com um microchip implantado para ser monitorada. De acordo com os agentes que trabalharam na captura, o animal se trata de um macho, está sadio, com 38 kg e idade entre dois e três anos. 

VISITA INESPERADA

Onça-parda foi encontrada dentro de uma casa em Baixo Guandu, Noroeste do Espírito Santo. (Reprodução | TV Gazeta)

Animal nativo da Mata Atlântica, a onça-parda resolveu ficar temporariamente no quintal da casa de Elizabeth Ceiveres, de 49 anos. Auxiliar de laboratório, ela viu o animal por volta das 5h30, quando acordou. “Abri as janelas e as portas da casa. Depois, ouvido um barulho vindo do fundo. Uma amiga dormiu em casa, viu o animal e me chamou”, contou.

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Ao constatar que não se tratava de um mero “gatinho”, ela ficou desesperada.

“Comecei a fechar tudo. Trancamos portas e ficamos presas dentro de casa. Coloquei até um móvel na frente da porta para impedir que ela entrasse. Nem almoço eu fiz com medo de atiçar a onça”, continuou ela, que também ficou preocupada com os netos de um e 12 anos de idade que moram no local.

Onça-parda é capturada no quintal de uma casa em Baixo Guandu, no Noroeste do ES. (Polícia Militar)

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A onça foi capturada na tarde de sexta-feira por meio uma força-tarefa de agentes da Polícia Militar Ambiental e do Ibama. Tranquilizantes foram utilizados para realizar a captura.

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