Os rodoviários e as empresas do setor entraram em acordo na tarde desta quarta-feira (4) e definiram que não haverá greve de motoristas e cobradores. A audiência teve início às 17h no Ministério Público do Trabalho (MPT), em Vitória, e contou com a presença de integrantes dos sindicatos que representam ambas as partes.
Neste encontro, o Sindirodoviários (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Espírito Santo) e o GVBus (Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória) aceitaram a proposta feita pela Justiça, de um reajuste salarial de 3,04% e um aumento de R$ 1 diário no tíquete alimentação.
Com o acordo, os rodoviários abriram mão da mudança da data-base, da criação do cargo de auxiliar de bordo e da menor participação no plano de saúde. "Entramos na negociação com um senso de responsabilidade. Não ficamos felizes com o resultado, mas sabemos que é o que poderíamos obter para a categoria", afirmou José Carlos Sales, presidente do Sindirodoviários.
Do outro lado, os empresários cederam um reajuste maior que o proposto inicialmente, de 2,54%. "Por causa das condições econômicas, nossa intenção não era sair do índice inflacionário; mas entendemos os apelos feitos pelos mediadores para que fosse possível dar fim ao movimento. A decisão da nossa assembleia, porém, não foi unânime", revelou Elias Baltazar, diretor do GVBus.
Na manhã desta quarta-feira (4), os representantes de ambos os sindicatos já haviam feito uma reunião às 8h, também no Ministério Público do Trabalho. A audiência foi a terceira desta semana, agendada após a audiência de conciliação da semana passada, comandada por Ana Paula Tauceda Branco, presidente do Tribunal Regional do Trabalho do Espírito Santo (TRT-ES).
Antes do encontro das 17h, no qual chegou-se ao consenso, os rodoviários também já haviam convocado uma assembleia geral, que foi dividida em dois turnos, realizados durante a manhã e a tarde desta quarta-feira (4), na quadra da Nova Império, no bairro Caratoíra, em Vitória. Em ambos os encontros, a categoria votou favorável ao acordo.
No primeiro turno, durante esta manhã, os rodoviários decidiram por acatar as melhorias apresentadas pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT-ES) na audiência de conciliação da semana passada. À tarde, o mesmo posicionamento foi tomado e o presidente do Sindirodoviários, José Carlos Sales, garantiu que a greve estava descartada.
No final do segundo turno da assembleia, por volta das 16h, aconteceu uma pequena confusão. Os rodoviários que eram contra o acordo acusaram o sindicato de querer induzir o resultado. "A categoria foi a favor da greve, mas impuseram pelo microfone outro resultado. Estamos revoltados com a fraude que teve", disse um cobrador que preferiu não se identificar.
Outros participantes da assembleia, porém, afirmou que não houve qualquer irregularidade. "A maioria votou a favor de não acontecer a greve, mas a minoria não está aceitando", resumiu um motorista. Sem dar entrevistas no término do turno, o presidente José Carlos Sales apenas garantiu que a greve estava descartada.
No dia 27 de novembro, os rodoviários decidiram em assembleia que fariam uma greve, motivados por diversas demandas, sendo a principal delas um reajuste salarial de 9%. No dia seguinte, o edital da greve foi publicado e a sociedade informada que, até então, a partir dessa segunda-feira (2), apenas 30% da frota circularia pelas ruas da Grande Vitória.
Na própria quinta-feira (28), o GVBus entrou com uma liminar na Justiça, pedindo que pelo menos 90% dos ônibus fossem disponibilizados para a população. Horas depois, o Judiciário marcou uma audiência de conciliação para a sexta-feira (29), na qual foram programados todas as rodadas de negociação desta semana e suspensão, até então, temporária da greve.
Nesta segunda-feira (2), aconteceu a primeira dessas três reuniões agendadas, às 13h, no Ministério Público do Trabalho (MPT). No mesmo local e horário, mas na terça-feira (3), aconteceu a segunda audiência, quando representantes dos sindicatos se mostraram mais abertos às negociações que se concretizaram nesta quarta-feira (4).
Mediadora de todas as audiências desta semana, a procuradora Maria de Lourdes Hora Rocha analisou as negociações. "Os sindicatos dos trabalhadores e empregadores me pareceram dispostos a negociar desde o início. Ao passar dos dias, os acordos evoluíram e chegamos ao final de conciliação, que é muito importante para todos nós e para a sociedade", resumiu.
Para ela, o acordo desta quarta-feira pode servir de lição para o futuro. "A greve é um direito que deve ser exercido com responsabilidade. Sempre é possível ultrapassar o impasse e esta experiência pode ter repercussão, já que foi possível mostrar que dá para conseguir melhorias por uma forma que não precise causar todo o impacto de uma paralisação", defendeu.
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