Há quase um mês, a família da capixaba Larissa Dalcim Costa, de 35 anos, vive praticamente trancada em casa. As filhas, de 13 e 7 anos, não vão para escola e os adultos só saem de casa para ir ao trabalho, ao supermercado ou à farmácia. A pandemia do coronavírus mudou a realidade da família, que mora em Parma, na Itália.
Pela cidade, o que se vê são estabelecimentos fechados, poucas pessoas e carros na rua. A rotina mudou no carnaval e deve seguir alterada, segundo recomendações do governo italiano, pelo menos até o dia 03 de abril. "Parece uma guerra em silêncio", define a capixaba.
"A nossa rotina mudou totalmente. O que fazia antes, não pode mais fazer hoje. Tudo fechado, não tem nada aberto. Esse decreto é até o dia 03 de abril. As minhas meninas estão sem ir para escola desde o dia 24 de fevereiro. Estudam via internet, com os professores. Toda a Itália está assim. Como a doença estava se difundindo muito, colocaram toda a Itália em zona vermelha", afirma.
Ninguém na família de Larissa foi contaminado pelo coronavírus. Ainda assim, a natação e a aula de tênis das filhas estão suspensas, e o passeio de bicicleta no parque está proibido.
Larissa trabalha em uma fábrica de alimentos, uma das poucas ainda em funcionamento na Itália. A rotina no trabalho também mudou, e os funcionários passaram a mediar até a temperatura antes de iniciar as atividades do dia.
"A fábrica onde trabalho é alimentar, então não pode parar. Por produzir alimentação, ainda não foi fechada. Mas as demais fábricas foram todas fechadas. Mesmo no trabalho tem que manter todas as regras, de um metro de distância entre as pessoas, luvas, álcool em gel na mão sempre, máscara e até mesmo medir a febre antes de entrar no trabalho", conta a capixaba.
Para trabalhar, Larissa tem uma autorização do governo que permite que ela se desloque de casa para a fábrica nos horários específicos. Circular pela rua sem autorização pode gerar multa de £ 206 (euros) e três meses de prisão.
"Tem muita polícia na rua e é preciso ter uma motivação para sair de casa. Tenho autorização, vou para o trabalho e volto para casa. Na autorização tem tudo especificado, de onde eu saí, para onde eu vou e o motivo de sair de casa. Quem está de carro na rua, sem nenhuma motivação, pode ficar preso por até três meses."
Os supermercados seguem abertos todos os dias, oito horas por dia, mas o limite de pessoas dentro dos estabelecimentos é limitado para respeitar o espaço de um metro de distância entre um consumidor e outro. Não falta alimento, mas a maioria das família prefere estocar comida em casa para reduzir o número de visitas ao supermercado.
"Supermercados abrem de segunda a segunda, mas a gente procura fazer estoque em casa, para não precisar ir tantas vezes e ter menor contato com as pessoas. Fui logo no começo, comprei bastante água, enlatados e, agora, vou mais para comprar verduras, coisas frescas para repor o meu estoque em casa. Funciona oito horas por dia. Muitas vezes, quando a gente chega, eles liberam uma quantidade de pessoas para entrar, por medida de segurança. Por enquanto, não está faltando nada para gente", garante.
O número de pessoas contaminadas por coronavírus não para de crescer na Itália. Ainda assim, Larissa não cogita voltar ao Brasil e acredita que a situação vai melhorar.
"Eu acredito muito que essa situação vai se resolver, mesmo com os casos aumentando a cada dia. Estão tomando as medidas para não expandir a doença. As pessoas devem ficar em casa e saírem somente por necessidade. Cada um tem que fazer a sua parte", concluiu.
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