No ano passado, 911 pessoas morreram em acidentes de trânsito no Espírito Santo, segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). Número assustador que terá de cair pela metade, prevê uma nova resolução do Conselho nacional de Trânsito (Contran). O órgão determinou que, até 2028, o Estado passe da atual taxa de 20 mortes por 100 mil habitantes para 10 a cada 100 mil habitantes. Para o ano que vem a redução proposta, em números absolutos, é de 54 mortes.
Segundo o presidente do Conselho Estadual de Trânsito (Cetran), Reinaldo Brezinski, caso a meta seja alcançada, duas mil vidas serão poupadas no Estado em dez anos. Se chegarmos em 400 ou 450 mortes por ano ainda será muito. Qualquer morte é muito triste. Em países mais desenvolvidos, a meta é zero. Mas é preciso ter pé no chão. O objetivo é difícil, mas não é impossível, avalia.
O empresário Izaías Moreira, 67, perdeu a filha, a estudante Sâmia Izabella Ferreira Moreira, 24, em um acidente na Rodovia do Sol, em 2014. O carro em que ela estava foi atingido por outro, conduzido por um motorista embriagado. Foi uma filha maravilhosa, esforçada e cheia de sonhos, lembra o pai.
Além da dor de perder um ente querido, o empresário ainda convive com a espera pelo julgamento do motorista apontado como causador do acidente. Na época, ele pagou uma fiança de cerca de R$ 7 mil e hoje responde ao processo em liberdade. Quem tem poder aquisitivo não é atingido, lamenta.
RESPONSABILIDADE
As metas de redução de acidentes são anuais e progressivas. Ou seja, a cada ano será necessário reduzir um pouco mais o número de mortes. Para 2019, por exemplo, a taxa do Estado terá que passar de 20,24 para 18,89 mortes por 100 mil habitantes. Isso representa, aproximadamente, 54 vítimas a menos que no ano anterior.
Cada Estado brasileiro tem uma redução diferente a alcançar, calculada a partir de uma projeção feita pelo Contran para setembro de 2018. Além das taxas por 100 mil habitantes, há ainda metas determinadas com base na frota de cada unidade da federação.
O Cetran será responsável por coordenar os esforços para que o Estado alcance o patamar determinado pelo órgão nacional. Brezinski acredita que a redução só será possível com a participação de toda a sociedade, inclusive do empresariado. Temos mais de 40 entidades parceiras do Cetran para que possamos juntos atingir essa meta. Não é apenas governamental, é da sociedade, enfatiza.
Ele cita órgãos como o Ministério Público do Trabalho, secretarias de Educação e Saúde, Polícia Militar, municípios, sindicatos entre outros. Sabemos que a capilaridade das rodovias é muito grande e não conseguimos fiscalizar. No caso do transporte de pedras, por exemplo, é importante que os empresários estejam conscientes do risco, diz.
AÇÕES
A resolução do Contran fixou ainda as ações a serem realizadas nos Estados para que a determinação seja cumprida. Dentre elas estão a unificação das bases de dados para que seja possível contabilizar com precisão o número de vítimas do trânsito no Brasil, o que não é feito hoje. É preciso melhorar a questão da estatística. Se não há conhecimento profundo das informações, você fica com uma visão míope da realidade, explica o presidente do Cetran.
A resolução propõe ainda a melhoria da infraestrutura viária, mais fiscalização, ampliação da rede de socorro às vítimas de acidentes e ações educativas. É uma questão de cidadania: são nossos parentes, nossos filhos que estão no trânsito. A gente precisa se conscientizar da importância de a pessoa sair pra trabalhar e chegar em casa. Não podemos nos acomodar e nos conformar com as mortes no trânsito, finaliza.
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