Quem tem aproveitado o verão em Vitória já percebeu: a erosão engoliu as areias da Curva da Jurema e o espaço para fincar o guarda-sol está restrito. Desde o ano passado a prefeitura tem retirado a areia da Praia de Camburi e levado para a Curva, na expectativa de atrasar o avanço do mar, mas os dias passam e a destruição causada pela erosão só piora.
Um projeto mais robusto, o de engordamento artificial que consiste, a grosso modo, em aumentar a faixa de areia está aberto para licitação e foi aprovado ontem pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente Vitória (Condema). A previsão é que a obra comece a ser executada ainda no primeiro semestre deste ano e dure 45 dias. A prefeitura não informou o custo da intervenção. Para especialistas, a obra resolve o problema por pelo menos dez anos.
Enquanto isso, segundo o coordenador de monitoramento costeiro da Prefeitura de Vitória, Paulo Rodrigues, o que está sendo feito na Curva da Jurema é a manutenção da faixa de areia, uma solução paliativa.
Ele explica que o serviço é necessário no verão para o lazer dos banhistas e também para proteger os quiosques.
O que estamos fazendo é a reposição da faixa com areia que se acumulou em outros lugares. Essa areia está em outro ponto da própria Curva da Jurema e em Camburi. Isso é usado no mundo todo, o remanejo de areia para os lugares que têm déficit. Essas regiões, muito dinâmicas, não devem ser ocupadas, mas como foram feitos aterros, esse trabalho é necessário, explicou.
A professora do curso de Oceanografia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Jacqueline Albino explica porque praias de aterro sofrem com erosões.
A curva da Jurema, assim como várias praias de Vitória, foram construídas em partes aquáticas. Foi aterro sobre o mar. E toda praia artificial feita dessa forma leva um tempo para alcançar o equilíbrio depois dessa intervenção. Essa retirada de sedimentos que o mar provoca busca o equilíbrio que não foi alcançado, diz.
A oceanógrafa afirma que a solução para o local é, de fato, um engordamento robusto da faixa de areia. No entanto, a ação deve ser replicada com frequência a cada dez anos. A construção de um muro ou um píer no local solução mais definitiva não é adequada, segundo a pesquisadora, pois não seria compatível com o uso recreativo da praia.
Se é uma área de recreação, ela precisa de areia. Se você quer conciliar a recreação com a proteção da zona costeira, a melhor alternativa é fazer o engordamento artificial e não usar concreto, afirmou.
A especialista reitera que, para funcionar, o engordamento artificial deve ser feito com muito cuidado e com o grão de areia adequado. Senão, há o risco de a obra não durar o tempo previsto.
Você não pode jogar qualquer tamanho de grão de areia na praia porque as correntes vão tentar manter ali ou levar embora. Tem que ser testado o tamanho do grão que será duradouro para a praia, esclarece.
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