> >
Presidente da Federação de Capoeira do ES morre após comer arroz com siri

Presidente da Federação de Capoeira do ES morre após comer arroz com siri

Alcebíades Milton Cabral, o Mestre Cabral, de 60 anos, era alérgico a mariscos

Publicado em 23 de setembro de 2019 às 20:49

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Mestre Cabral desenvolvia projetos sociais em comunidades. (Arquivo Pessoal)

Alérgico a mariscos, o presidente da Federação de Capoeira do Espírito Santo (Fecaes), Alcebíades Milton Cabral, o Mestre Cabral, de 60 anos, morreu após comer, sem saber, arroz com siri desfiado.

Presidente da Federação de Capoeira do ES morre após comer arroz com siri

O acidente aconteceu na tarde desta segunda-feira (23) em uma corretora de planos de saúde e empréstimo consignado onde Mestre Cabral trabalhava no Centro de Vitória. Ele começou a passar mal após experimentar a comida de um colega, um corretor de 46 anos.

“Na hora do almoço, ia pegar minha marmita para esquentar, mas o Cabral pegou, falou que estava cheirosa e pediu para experimentar. Deu duas garfadas e perguntou: ‘Tem o quê, aqui?’ Eu respondi e então ele falou que era alérgico”, disse o colega.

O corretor contou que saiu, desesperado, em busca de medicamento. Mas quando retornou ao escritório, o colega já estava desacordado. Com ajuda de colegas, eles tentaram reanimar o capoeirista com massagem cardíaca, mas não tiveram sucesso.

O Corpo de Bombeiros e o Samu foram acionados. Um irmão de Mestre Cabral, um cabo da Polícia Militar, também foi informado e acompanhou o socorro. Quando a ambulância do Samu chegou, levou o Cabral para o Hospital da Polícia Militar.

A filha dele, a bióloga Dandara Cabral, de 26 anos, disse que o pai chegou ao hospital sem vida. “Meu pai sempre foi alérgico a marisco. Ele teve choque anafilático. Com certeza, não sabia que a comida tinha marisco. Em um caso desses, deveria aplicar adrenalina no organismo até ser atendido em um hospital. Infelizmente, não deu tempo”, disse a filha.

Mestre Cabral era casado, deixou cinco filhos e dois netos. Dandara informou que o corpo do pai será levado às 8h desta terça-feira (24) para o Cemitério Parque da Paz, na Ponta da Fruta, em Vila Velha. O sepultamento será no mesmo dia, às 16h. 

TRABALHO COM PROJETOS SOCIAIS

Familiares e mestres de capoeira que conheceram o presidente da Federação de Capoeira do Espírito Santo (Fecaes), Alcebíades Milton Cabral, o Mestre Cabral, disseram que ele contribuiu para o desenvolvimento de projetos sociais e do movimento negro capixaba.

Natural do Rio de Janeiro, Mestre Cabral se mudou para o Espírito Santo no fim da década de 1970. Atualmente, ele morava com a família no bairro Cidade Continental, na Serra, e trabalhava em uma empresa no Centro de Vitória.

“Meu pai sempre teve projeto social com capoeira. Ele ajudou muita gente, atuou em muitos projetos sociais para tirar gente da rua e ajudar quem precisava. Graças a Deus, só tenho coisas boas para lembrar dele. Já recebemos muitas mensagens bonitas de apoio.”

LUTA CONTRA O RACISMO

O depoimento é da filha de Mestre Cabral, a bióloga Dandara Cabral, 26 anos. Professor de capoeira Fábio Luiz Loureiro, o Mestre Fábio, conhecia Mestre Cabral desde o início da década de 1980.

“Ele deixa um legado de resistência contra o racismo, preconceito e sempre teve envolvido com as causas das minorias, principalmente, dos negros. Já teve projetos sociais, trabalhou em presídios e movimentos sociais. A capoeira perdeu muito com a ida do nosso amigo Cabral”, lamentou Fábio.

Cleber Alvarenga Brasil, o Mestre Nagô, ressaltou que Cabral foi um dos maiores responsáveis para a criação da Federação de Capoeira do Espírito Santo (Fecaes). “Ele era bastante ativo, um dos mais antigos do Estado. Trouxe vários cursos e deu um norte muito grande aos capoeiristas do estado”, disse Nagô.

Para José Walter Santos, o Mestre Walter, o Mestre Cabral teve sua história gravada e fundida com a história capixaba. “Ficamos todos consternados e entristecidos com tal fatalidade, pois não perdemos apenas um homem, mas sim, um baluarte na nossa história”, enfatizou.

 

Este vídeo pode te interessar

 

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais