A primeira praia a ser afetada, caso o óleo que tem contaminado o litoral nordestino chegue ao Estado, será uma área de desova de tartarugas marinhas. Trata-se das praias do Parque Estadual de Itaúnas, localizada em Conceição da Barra, na divisa do Estado com a Bahia. Na mesma região, a pesca de camarão foi proibida na tarde desta terça-feira (29).
Desde o dia 20 de agosto, quando foram vistas as primeiras manchas de óleo, o resíduo tem promovido estragos no litoral Nordestino, atingindo cerca de 250 praias e pelo menos 14 unidades de conservação ambiental, além de mangues.
No Espírito Santo, segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídrico (Seama), o material que chegar ao Parque de Itaúnas terá um manejo diferenciado. "Por se tratar de uma área de desova de tartarugas marinhas, todo o trato de manejo desta fauna será de forma manual, sem a presença de máquinas pesadas como tratores, caçambas ou escavadeiras, para não danificar os ninhos das tartarugas", explicou o órgão ambiental, por meio de nota.
Um outra preocupação é com a proteção das áreas de manguezais, uma vez que, segundo a Seama, ainda não foi possível estabelecer medidas totalmente eficazes para a proteção dos estuários. A limpeza destas áreas é considerada de extrema complexidade, e a recuperação é de longo prazo. "Com as experiências das ações dos voluntários e especialistas na Bahia, de instalação de redes de pesca de malha fina, utilizadas no arrasto do camarão, a aquisição deste material não está descartada, visando diminuir os impactos ambientais", informou em nota.
Em decorrência da contaminação, na tarde desta terça-feira (29) o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) proibiu a pesca de alguns tipos de camarão na divisa do Espírito Santo com a Bahia. A medida decorre "da grave situação ambiental resultante de provável contaminação química por derramamento de óleo no litoral da região nordeste, proibindo a atividade pesqueira", diz o texto da portaria.
A restrição é para a pesca de camarões rosa, branco, sete-barbas e lagosta vermelha e verde. No caso do Espírito Santo, ela vale para o período compreendido entre 1º de novembro a 31 de dezembro deste ano.
Em reunião do Comitê de Preparação da Crise foi realizada nesta terça-feira (29), a Seama informou ter mobilizado representantes da iniciativa privada para doações de materiais de segurança, conhecidos como Equipamento de Proteção Individual (EPI).
O material será utilizado para proteger os profissionais e voluntários envolvidos no manuseio do óleo, quando de uma possível força-tarefa de limpeza das praias capixabas. Também foram solicitadas doações de material de contenção, embarcações para logística e monitoramentos diversos, mão de obra especializada para situações de derramamento de óleo em ambiente marinho e até recolhimento e reaproveitamento do óleo. "Ao todo, nove empresas de grande porte foram convidadas e todas apoiaram a iniciativa", informou, por nota, o órgão ambiental.
Foi dito ainda que as doações serão efetivadas através de instrumento legais como Termo de Doação, um procedimento simples para bens de consumo não duráveis (EPI's e material de contenção, por exemplo) e/ou Termo de Cooperação, quando se tratar de aplicação de serviços ou reutilização dos resíduos (óleo).
A chegada das manchas de óleo ao Estado depende da atuação da Corrente Brasil, que atua na região Sul da Bahia. Mas o alerta vermelho para o Espírito Santo será a chegada do resíduo à cidade baiana de Caravelas, a menos de 200 quilômetros da divisa com o Estado.
Neste momento, segundo a Seama, deverá ser acionado o Plano de Ação de combate ao derramamento de óleo. Por nota, o órgão ambiental informou que ele está sendo dividido em três etapas: Prévia ou atenção, que são ações voltadas à previsão, monitoramento, comunicação e suporte logístico.
O segundo momento é a etapa Operacional, com a contenção, limpeza e destinação final dos resíduos recolhidos, além do atendimento à fauna oleada e início do trabalho de mensuração dos impactos nos ambientes costeiro e marinho. Por último virá a fase Posterior ou de Avaliação, que consiste no monitoramento dos locais atingidos e levantamento dos danos ambientais e socioeconômicos, bem como realizar valoração monetária dos impactos.
As últimas informações oficiais do Ibama e da Marinha são de que Ilhéus foi atingida novamente pelo óleo em quantidades maiores. Segundo a Seama, numa cronologia observada, primeiro chegam à praia fragmentos pequenos de óleo, classificados pelos técnicos como vestígios, alguns dias depois é a vez de novas manchas pequenas aparecerem e, após mais alguns dias, surgem manchas de óleo maiores. "O que leva a acreditar que a quantidade de óleo ainda disponível no mar é incerta", destacou o órgão ambiental.
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