Olha a aparência desse doutor filósofo, kkkkkkk. "Você já viu esses sociólogos e filósofos sempre malvestido, barbas malfeitas e cabelo todo imundo parecem que não sabem o que é higiene pessoal. "Adoro, olha o perfil dos defensores da maconha e pró-revolucionários, kkkkkk, Já falei! A Ufes produz esse tipo de doutor... são quatro anos na maconha direto até sair isso.
Esses foram alguns dos comentários publicados na internet após a divulgação da entrevista do militante do movimento negro e pesquisador das relações étnico-raciais e de estudos afro-brasileiros, doutor em Educação Gustavo Forde, publicada no portal Gazeta Online e no jornal A Gazeta.
Dentre os temas abordados na entrevista, foram destacados o protagonismo do movimento negro, a constituição da sociedade e da educação nos cenários nacional e estadual. Na visão do professor, os negros estão abalando os privilégios brancos e discutindo relações de poder.
Além de trazer luz a um protagonismo negro, Gustavo lançou o livro Vozes Negras na história da educação: racismo, educação e movimento negro no Espírito Santo (1978-2002).
Gustavo é professor e pró-reitor de Assuntos Estudantis e Cidadania da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Nos comentários, os internautas opinam sobre a aparência e até questionam o fato do professor mencionar que é doutor em educação. Já vi doutores com ensino fundamental e analfabetos com doutorado. O diploma é só um detalhe, disse um dos internautas.
"BRASIL É FORTEMENTE RACISTA"
Para a professora doutora em Bioética e coordenadora do Doutorado em Direitos Fundamentais da FDV, Elda Bussinguer, a reação, que a princípio pode parecer desproporcional, é representativa desse racismo que o professor denuncia. Segundo ela, o Brasil é um país fortemente racista, classista e machista.
A professora explicou que em todos os dois casos há previsão legal de reclusão. Na injúria racial há possibilidade prisão e multa. No caso do racismo, o crime é inafiançável e imprescritível, conforme previsão do artigo 5º da Constituição Federal. No racismo não depende de representação do ofendido para investigar, processar e punir. O Ministério Público tem legitimidade para processar o ofensor.
ENTIDADES SE MANIFESTAM
As manifestações ofensivas publicadas na internet contra o professor Gustavo Forde provocaram reações de apoio de internautas, representantes do movimento negro e dos Direitos Humanos do Estado.
O Conselho Estadual de Direitos Humanos interpretou os comentários como manifestações racistas. Na avaliação do Conselho, as publicações confirmam o conteúdo pesquisado por Gustavo.
A União de Negras e Negros pela Igualdade no Espírito Santo (Unegro) também manifestou solidariedade ao professor. Vários internautas destilaram ódio, preconceito e racismo não só ao professor Gustavo, mas para nós todos enquanto coletivo. Repudiamos o conteúdo profundamente discriminatório das postagens, demonstra que a superação do racismo continua na ordem do dia. Professor Gustavo teve como objeto de pesquisa o protagonismo da militância do movimento negro em prol da educação através da implementação da lei 10.639/2003. E é isso que incomoda também. O protagonismo do negro/a também na ciência", afirmou a entidade, em nota.
O documento complementa: Dito isto, podemos afirmar que estas postagens nas redes sociais reafirmam o que disse o professor Gustavo, e precisamos sim reeducar brancos e negros para buscarmos a superação do racismo. Externamos nossa total solidariedade ao Prof. Dr. Gustavo, e é preciso dizer que é muito bom para nós vermos um negro/a num espaço de poder, e necessário que possamos refletir que a conjuntura política de retrocessos, disseminação de ódio e intolerância nos impõe resistir e nos rebelar contra o racismo, e qualquer forma de preconceito e discriminação.
Já o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal do Espirito Santo (NEAB/UFES), em nota, afirmou que "as atitudes racistas dispersadas contra o Prof. Dr. Gustavo Henrique Araújo Forde publicadas por meios digitais como ato de desagravo à um trabalho imensurável e grandioso sobre a contribuição do Movimento Negro no Estado do Espírito Santo necessitam ser devidamente denunciadas e apuradas."
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