Muitas vezes coagidas pelos abusadores e com medo de contar em casa o que está acontecendo, crianças vítimas de violência sexual encontram apoio na sala de aula. E são os professores os que mais identificam e denunciam quando uma criança é vítima de violência sexual, segundo a polícia.
De acordo com Lorenzo Pazolini, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), de janeiro a setembro deste ano, a unidade elucidou 1.544 crimes contra crianças e adolescentes.
A maior parte dos casos só foi denunciada graças aos professores das vítimas. No ranking dos que mais acionam a polícia, no segundo lugar estão os parentes próximos, seguidos pelos conselhos tutelares e, por último, os vizinhos.
ABORDAGEM
E falar sobre o assunto dentro da escola, de forma preventiva, faz com que as crianças fiquem mais alertas sobre os riscos, saibam como se defender e sintam-se seguras para dizer que são vítimas, segundo o delegado.
Pazolini completa que há casos onde os alunos procuram professores para narrar abusos após assistirem a palestras de educação sexual e também de educadores que notam a mudança de comportamento do aluno dão apoio, abrindo o canal do diálogo.
Essa relação é importante, principalmente, porque em muitas das vezes são os próprios pais os abusadores das crianças. Em cerca de 70% dos casos investigados pela polícia, o criminoso era do convívio familiar da vítima.
EDUCAÇÃO SEXUAL
Diferente do que muita gente acredita, educação sexual nas escolas não é ensinar uma criança a fazer sexo. Pazolini explica que o tipo de educação é uma forma preventiva de explicar o que é o corpo dela, quem pode mexer nele e que tipo de toque é aceitável ou não. A ideia é tirar a criança de uma bolha protetora que só faz com que ela torne-se uma presa mais fácil para o abusador.
O ideal é mostrar matérias jornalísticas que publiquem abusos contra crianças e não tratar o assunto como um dogma, porque o desconhecimento só interessa ao abusador. É importante mostrar que o perigo pode partir até de pessoas muito próximas. As chances de conseguirem abusar de uma criança que sabe como se defender e reagir são mínimas. Do mesmo modo, uma criança que nunca é orientada sobre o assunto se torna uma presa fácil para o abusador. Educação sexual com foco preventivo é fundamental. Todas as crianças estão sujeitas a aproximação do abusador. O que vai determinar se ela vai sofrer ou não as consequências do crime é a orientação que ela recebe, afirma o delegado.
ANÁLISE
Orientação na escola
Marco Antonio Oliva Gomes Especialista em educação
A educação sexual e a educação de gênero são de extrema importância para as crianças nas escolas, embora há muita gente empenhada em distorcer o significado dessas vertentes, mudando todo o sentido do que realmente é essa educação. A educação sexual vem para abordar temas como doenças sexualmente transmissíveis, as descobertas da sexualidade, para alertar o que é o corpo e quem pode tocar nele, entre outros. Já a educação de gênero vem para o entendimento do que é ser mulher e homem na sociedade, falar sobre o machismo, o feminicídio e a cultura patriarcal, por exemplo. O educador é um profissional capacitado para esse tipo de abordagem. Ninguém vai falar do ato sexual nas escolas. Isso as crianças conseguem saber facilmente na internet. A escola vem para abordar o assunto de forma técnica e embasada, prezando pela segurança, bem-estar e respeito entre os alunos
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