Uma caminhada pelas ruas de Domingos Martins vai marcar os dois anos em que as famílias dos integrantes do Grupo Folclórico Bergfreunde esperam por Justiça. No dia 10 de setembro de 2017, um acidente na BR 101 matou onze dançarinos e deixou outros nove feridos. Ele retornavam de uma apresentação em uma cidade mineira.
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Esta será a segunda caminhada de protesto realizada por familiares e amigos das vítimas, que este ano será realizado no dia 7 de setembro. A partir das 16 horas o grupo se reunirá em frente ao Hotel Imperador, e de lá seguirá pelas vias da cidade, passando também pela Rua de Lazer.
Querem aproveitar o movimento na cidade decorrente do feriado para chamar a atenção dos turistas. "Queremos chamar a atenção para a injustiça, para que as pessoas não se esqueçam do que aconteceu. Naquele dia a cidade perdeu onze filhos e até agora não houve o julgamento dos acusados pelo crime. Até quando teremos que fazer caminhada para cobrar por justiça", questiona Lenilda Santana Duarte Weter, uma das organizadoras do protesto.
O acidente matou a filha de Lenilda, de 16 anos, Karini Santana Wetter. Sua voz fica embargada quando lembra da jovem barulhenta, que gostava de som alto, que amava dançar, fazer comidas diferentes e de chamar os amigos para ver filmes.
Lenilda, como outras mães, encontram dificuldades para encerrar o luto. "É uma dor que não tem alívio. E quanto mais o tempo passa, mais informações obtemos sobre o que ocorreu, mais indignados ficamos. Dói muito saber que tudo ocorreu por imprudência, que as mortes poderiam ter sido evitadas. E como ainda não temos justiça, a dor dobra de tamanho. É algo sem fim, que não se encerra", desabafou.
TRAGÉDIA NA RODOVIA
Os onze integrantes do grupo folclórico que morreram estavam em um micro-ônibus que pegou fogo após bater de frente com um caminhão de bebidas no Km 450 da BR 101, em Mimoso do Sul. Todos eram integrantes do grupo de dança alemã Bergfreunde, de Domingos Martins. Eles estavam voltando de uma apresentação na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Os casais de dançarinos tinham com idades entre 17 e 42 anos.
Segundo a Polícia Rodoviária federal, 20 pessoas estavam no micro-ônibus. Delas, 11 morreram. Outras três pessoas tiveram lesões graves, duas sofreram ferimentos lesões leves e quatro saíram ilesos. O grupo era composto de jovens e fez apresentações na 23ª edição da Deutsches Fest. Eles saíram de Domingos Martins em uma sexta-feira (8).
O músico Éden Schambach Júnior, 48 anos, participou dos ensaios para a apresentação em Minas Gerais, mas não viajou com o grupo por conta de um compromisso na cidade. Na época, o músico contou à reportagem que o veículo no qual os dançarinos estavam foi alugado com recursos do Edital de Locomoção da Secretaria Estadual de Cultura (Secult).
O caminhão com chapas de granito seguia de Vitória para o Rio de Janeiro e perdeu o controle quando passava por um outro automóvel, derrubando todo o granito na pista. Em seguida, colidiu contra a lateral do micro-ônibus que, desgovernado, invadiu a contramão e bateu contra uma carreta que transportava cervejas. Ambos pegaram fogo. O Ford Ka, que seguia atrás do micro-ônibus, colidiu com os pedaços de granito espalhados na via.
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