Pesquisa realizada pela Rede Rio Doce Mar mostra que 53% dos peixes nativos do Rio Doce não estão sendo encontrados. O motivo dessa redução ainda está sendo analisado, mas pode estar ligado às barragens construídas ao longo dos anos e à lama de rejeitos de minério da Samarco que atingiu o rio depois do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 5 de novembro de 2015.
O professor de Biologia da Conservação da Universidade Federal de Viçoso (UFV) e pesquisador da Rede Rio Doce Mar, Jorge Abdala Dergam, diz que das espécies catalogadas, não foram encontrados peixes como lambari, piau e alguns cascudos. Enquanto isso, as espécies introduzidas pelo homem no Rio Doce, como piranha e tilápia, estão sendo achadas em grande quantidade.
A ausência dessas espécies acontece, principalmente, entre Mascarenhas, em Baixo Guandu, e a foz do rio, em Regência. Já as espécies introduzidas no Rio Doce ao longo dos anos estão sendo achadas, e isso tem efeito negativo nas espécies nativas, concluiu.
Outra pesquisa revela que diversos níveis da cadeia alimentar, desde micro-organismos até peixes, estão com níveis elevados de alguns metais, como ferro, cádmio, cromo e manganês. A análise é realizada na porção capixaba do Rio Doce, lagoas, lagos, estuário, praias e manguezais, bem como na foz do Rio Doce e região costeira adjacente, desde a Área de Proteção Ambiental de Setiba, em Guarapari (ES), até o Parque Nacional Marinho de Abrolhos (BA).
"A situação é mais intensa na foz do Rio Doce. Isso tem causado estresse nos organismos, que estão apresentando alterações morfológicas, bioquímicas, fisiológicas e genéticas", revela o professor da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e pesquisador da Rede Rio Doce Mar, Adalto Bianchini.
Esse é o resultado dos primeiros seis meses de uma das pesquisas realizadas pela Rede Rio Doce Mar. Os estudos tiveram início no ano passado para dimensionar os impactos causados na natureza pelo tsunami de lama, de 32 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério, com o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG).
O coordenador técnico da Rede Rio Doce Mar, Alex Bastos, explica que através do Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática, são analisadas a fauna e a flora da porção capixaba do Rio Doce e também dos ambientes marinho e costeiro impactados. Os estudos, que começaram no final do ano passado, ainda estão em andamento e podem durar até cinco anos. Esse programa de monitoramento é realizado através de um acordo de cooperação com a Fundação Renova.
Bastos explica que, a partir das pesquisas, poderão ser apontadas algumas soluções para reduzir os impactos do problema. Já existem algumas propostas que podem ser feitas e outras descartadas. A retirada dos sedimentos depositados no mar, por exemplo, não é uma boa ideia porque vai causar mais impacto ambiental, explica.
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